Faça-me o Favor!

Não nos responsabilizamos por mudanças súbidas de humor ou apetite, ofenças pessoais ou sentimentos inibidos que aflorem de quem por descuido venha a ler isso aqui. Queremos que tudo se exploda e não queremos explodir juntos. Não estamos aqui para sermos atacados, somos nos que atacamos. Ficamos em cima do muro mesmo, atirando pedra em quem passar em baixo, independente do lado.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Discografia Carcará 3

Banda de hip-hop de responsa fazendo instrumental. Esse é o último disco dos Beastie Boys..... diz a lenda que irão gravar o vocal por cima deste disco ainda esse ano, mas não consigo fazer a mais puta idéia de como ficaria.

O meu primeiro contado com Beastie Boys foi com a MTV, não tem como negar. A MTV na verdade era o máximo em música que alguns mocoquenses podiam ter. A rádio é um lixo e as lojas são escrotas.
Fui tentar comprar o Hello Nasty, mais pq havia gostado do clip Intergalactic do que da música... tive que encomendar (lógico que não teria um negócio desse lá), e 15 dias depois e 15 reais a menos, eis que escutava um pouco de hip-hop. Naquela época não era moda, então talvez tenha sido até a primeira que tenha escutado.
Depois veio a curiosidade e também a descoberta do Sabotage, um dos melhores clipes de todos os tempos. E por algum motivo ainda não conhecido por mim, eu gostava muito do disco. Só 10 anos depois fui ver que gostava pq o disco era bom mesmo, bem produzido.
Foi o primeiro disco que me ensinou uma coisa, que dá pra brincar muito com a divisão de canais, controlando cada instrumento, cada voz, separadamente em cada canal... e ficar trocando o instrumento de canal pra dar a sensação de mobilidade



Fora do eixo?

O video acima então é fodíssimo, Off the Grid, bem o estilo do disco descolado de gravação largada (mas lógico que de verdade cada música deve ter levado uns 7 dias pra ficar pronta).

Adoro documentário de gravação de disco, e esse clipe finge absurdamente bem... muita qualidade da banda e do diretor do clip. Vale muito a pena cada um dos 296 segundo

Pra quem quiser os discos, vale procura o arquivo do torrent (pra vcs serem mais modernos!!!)

O melhor torrent scan da net

quarta-feira, setembro 26, 2007

Sacada Inùtil?

A uns 10 anos atras, a gente assistia filme semi-futurista, onde existiam produtos eletrônicos aquém daquele tempo, tipo os apetrechos do James Bond... e via o telefone com video. Nossa senhora... aquilo era o máximo de evolução tecnológica.
Não precisa ir muito longe... no De Volta Para o Futuro 2, o McFly fala por um telefone com video na tv de plasma gigante dele. Mas o ponto era o telefone.
Hoje, 10 anos após tudo isso, o telefone tradicional, da conta da telefônica, telemar ou afim, ainda não tem sistema de video. Nem gigantes mundiais, como AT&T, tem essa tecnologia em escala, que pudesse "popularizar" o produto. Hoje, só temos isso pela Internet... um negócio que praquela epoca do filme era só um sistema interno de comunicação de dados do Exercíto Americano.
É impressionante o quanto a gente se prende ao presente para prever o futuro. O futuro é um presente melhorado, mais metálico, mais brilhante. E sei que caras que conseguem se desprender no momento que vivem conseguem pensar em coisas revolucionárias, exatamente pq não convive com aquele tempo.
Faz um tempo que eu perdi a vontade de ser alguém diferente da multidão, se ser aquele cara especial no meio de um monte de gente. E me tocar do quanto eu sou igual a qualquer um, inclusive caras que criaram um icone da inovação da déc. 80. Se bem que viajar no tempo é uma coisa que já foi escrito no século 19.
Me tocar do quanto eu sou igual me faz ser uma pessoal melhor, principalmente pq sempre me cobrei muito de ser "o" diferente. Aceitar minha normalidade, que não sou ninguém assim extraordinariamente especial, até agora só me trouxe coisa boa

segunda-feira, setembro 24, 2007

Tempo de Jabuticaba

Ah, frutinhas pretas. Sempre uma emoção escolher as maiores através da água, pescá-las com os dedos, olhar para elas e morder a sua casquinha até ouvir o estalo característico. Depois, engolir ou não o caroço - depende da pessoa e do humor. E quando escolhemos c u i d a d o s a m e n t e aquela "jabuticaba ideal" e descobrimos que ela está podre? Isso é a vida, leitores. Até experimentá-la, não é possível saber se encontraremos o azedume ou o dulçor... A parte interessante provém da nossa reação, ao pegar uma fruta ruim; logo nos agitamos e pegamos outra, e outra, para esquecer o gosto desagradável. Fazemos isso sempre que ocorre alguma desgraça, sempre que nos ferimos. Com as jabuticabas, só nos lembramos da última. Na vida, a frustração nos acompanha. Pois então, come as jabuticabas enquanto é tempo, antes que apodreçam. Depois, lembra-te da satisfação e siga em frente.

(admito que de "colhe o dia" para "come as jabuticabas" houve uma grande perda... deve ser porque Horácio tinha vista pro Coliseu e eu pra um engarrafamento em São Paulo)

quarta-feira, setembro 19, 2007

22 de setembro

Sem carro, sem multa, sem lei

Fico pensando se o Dia Sem Carro não é algum megaexperimento de manipulação de massas

Marcelo Coelho, para a Folha de São Paulo de 19/09/07


JÁ FORAM propostos o Dia Sem Cigarro, o Dia Sem TV, o Dia Sem Compras, e até o Dia Sem Viagens de Avião. Como todo mundo, passei mais ou menos incólume por esses... Ia dizer "eventos", mas precisamente eis o que não são.
O certo seria chamá-los de "não-eventos", e há, sem dúvida, algum encanto nisso. São os dias no estilo de Bartleby, aquele escriturário imaginado por Hermann Melville, que a todas as ordens do patrão repete apenas uma mesma frase: "Preferia não fazê-lo".
Sabendo-se que estão em desaparecimento os conflitos trabalhistas clássicos (greves, hoje em dia, parecem quase exclusividade dos serviços públicos), o instrumento de uma paralisação temporária de atividades parece agora entregue aos caprichos, à consciência ou à pachorra do cidadão-consumidor.
Chega agora, marcado para o próximo sábado, o Dia Mundial Sem Carro. Bom protesto. Uma cidade como São Paulo, para nada dizer deste pobre planeta, é a demonstração flagrante de que automóveis são coisa bem pior que o álcool e o tabaco; estes, ao menos, relaxam os nervos do usuário.
Será que vou aderir? Em tese, disponho de condições ideais para exercer o meu civismo. Meus horários são confortáveis, moro num lugar mais ou menos perto de tudo, não me arrependo quando faço alguma coisa a pé. Numa caminhada, o aspecto da cidade muda; quem está acostumado a prestar atenção apenas nos sinais de trânsito e nas motos pode abrir-se ao acaso de uma fachada, de uma cena, de um cheiro, de um caminho inusual.
Pode também colocar em ordem os pensamentos; há muita diferença, a meu ver, entre fazer isso sentado dentro do carro, condenado à imobilidade tensa do tráfego, e ritmar as preocupações e devaneios cotidianos com alguma atividade física, obtendo assim a ilusão de não ser o espectador passivo da própria vida.
O problema é que planejo todo dia tomar pequenas iniciativas saudáveis (renunciar ao uso do elevador, por exemplo), de que só me lembro quando já é tarde demais.
A probabilidade de que eu esqueça o Dia Sem Carro deve ser, portanto, admitida honestamente. Tenho forte alergia, de resto, a mobilizações de todo tipo. Admiro, com uma ponta de desprezo também, as pessoas que a respeito de qualquer "evento" usam camisetas alusivas à causa ou aos interesses que defendem. Já fui a lançamentos de livro em que o autor usava uma camiseta especialmente feita para a ocasião, reproduzindo a capa de sua própria obra.
Para resumir, tenho a sensação de ser um pouco otário se participar desses Dias Sem Isto ou Aquilo, e ao mesmo tempo sei que sou otário no meu cotidiano, feito de Dias Com Isto e Mais Alguma Coisa. "Compre!" "Gaste!" "Fume!" "Experimente a emoção de dirigir o novo Bastra, o novo Mengane, o novo Numdai!" Ouvimos o dia inteiro essa ladainha.
Até que aparece uma nova ordem, igualmente anônima na aparência, a persuadir-nos do contrário. "Hoje, não: hoje você não compra nada, não gasta, não fuma, não voa, não dirige."
Fico pensando se não se trata de algum megaexperimento de manipulação de massas, contando com a ajuda das mesmas agências de propaganda e institutos de pesquisa que nos monitoram diariamente.
Afinal, um Dia Sem Carro tende a ser menos até do que um "protesto pacífico", pois sabemos que a proposta não poderá ser generalizada para os outros dias do ano; não chega a constituir um adversário político real, e para a maioria de nós nem mesmo serve, imagino, para incentivar a uma mudança completa de comportamento.
Sou dos que ainda manifestam mais confiança nas decisões do poder público do que na boa vontade das pessoas como eu. Minha visão do "político", por mais antiquado que isso possa parecer, tem dificuldades em dissociar-se da esfera do Estado, e, se acredito na democracia e na mobilização dos indivíduos, creio que um dos seus objetivos principais é desaguar em algum tipo de legislação. Por que não fazer do Dia Sem Carro uma forma de pressão pelo aumento do rodízio, pelo pedágio urbano, por novas taxas contra a emissão de poluentes?
A resposta, claro, é que muita gente prefere os idílios do escotismo a tudo o que redundar em reforço nas multas, nos impostos, na fiscalização e na burocracia. O Dia Sem Carro fica me parecendo, assim, o Dia de Ser Bom Cidadão. Vinte e dois de setembro: espero não esquecer a data.

Le ménage

...porque, na porta da geladeira ou na vida, é muito mais fácil sujar do que limpar depois.

segunda-feira, setembro 17, 2007

With a little bit of luck

Final de semana fui assistir "My Fair Lady" no teatro. Montagem bem razoável, eu diria, mesmo com as versões das músicas pra nossa lingua papagalis.

Caso não saibam, o enredo, baseado na peça de teatro "Pigmaleão", é sobre um professor de fonética inglesa que aposta com o amigo que vai transformar uma vendedora de flores numa dama de alta sociedade em 6 meses. Uma boa comédia!!

O musical foi também transformado em filme em 1964 e ganhou creio que oito oscares. Seja lá como for, ainda que musicais não façam o estilo de vocês, queria compartilhar o video do personagem mais legal da trama, o pai da mocinha, aqui "expondo" suas crenças e filosofia de vida.

sábado, setembro 15, 2007

Discografia Carcará 2

Vou falar de uma banda que eu descobri com a ajuda do Luciano Hulk. Em 1998, qdo o narigudo ainda estava na Band abusando das bundas da feiticeira, tiazinha e Hzetes (todas capas de playboy, diga-se de passagem) certa vez ele levou no programa um cara desconhecido do Brasil e meu, mas que estava aqui pra tocar no Free Jazz Festival, festival não-mainstreen nacional.
Garoto pop que era, nem dei tanta importância, mas logo após escutar a primeira música que o cara tocou, Faded, já vi que era bom... e isso só foi melhorando, pq fui pesquisando mais sobre a banda, comentando com meus amigos que também adoraram o som.
Estou falando de Ben Harper & Innocents Criminals (acho tão ruim quando lembram só do nome do vocalista, tipo Bob Marley & Wailers ou Frank Zappa and Mothers of Invention). Puta banda, musicos fodas e letras absurdamente bem feitas... era a epoca que o cara tinha a manha: Depois ficou amigo de um tal de Jack Johnson e virou cantor de churrascaria hawaiana tambem.

Mas nao da pra menosprezar o passado brilhante do cara. Os 4 primeiros albuns do cara sao incrivelmente bons. Welcome to the cruel world, disco de estreia, mostra como se faz musica de verdade, com uma integracao fora do comum entre musica e interpretes. O 2 disco, Fight of World Mind, (preferido de alguns amigos meus) tem as letras mais fodas de todas, envolta a muita burning session. Mas meu preferido é The Will to Live> Esse sim mostra como se fazer musica em estúdio, abusando de todos os recursos que só lá se poderia ter... além de possuir os melhores arranjos da decada de 90. O Burn to Shine (4 album) é bãozinho também. De lá pra cá só bosta que nem lembro direito.

Pra quem quiser, me procura no soulseek e baixa (pq esse tal de rapidshare é uma bosta).

USER: mlrrs

quarta-feira, setembro 12, 2007

Excesso

Acho que tô com excesso de realidade. É sério.... parece que a imaginação foi embora, que tudo funciona moldado a regras que fiz ou que fizeram.
E parece que é isso a coisa que eu também buscava; sempre fui de tentar ver lógica em tudo, tudo explicável por uma equação matemática. E pois mais que aparentemente eu brigue contra isso, acho que não tenho muito o que fazer.... é inato esse troço.

Tô precisando me sonhar um pouco mais, distorcer mais a minha visão... tô precisando de um porre, ou coisa do genero (if you know what a means?).

Mas também não me incomodo tanto com isso não. Muito pq se tem uma coisa que ando aprendendo ultimamente é a dar valor para o que você é, sem demagogia boba de livro de auto ajuda, mas ando me sentindo muito melhor desde que vi que eu também posso ser uma pessoa legal, não o eterno encanado que se preocupa absurdamente que como os outros o vulgarão.

Sinceramente não sei o que veio primeiro, mas também não estou preocupado em saber. Se tem uma coisa que eu sou bem diferente de 50% desse blog, é que eu não estou muito aí pra saber tudo de mim, de onde vieram minhas neuras ou pra onde elas vão. Tô "funcionário do mês" pra me tratar, objetivando metas (credo, que papo de workaholic... mas estou sendo bem prático: O que eu não gosto de mim eu tento mudar, sem ficar achando que só conseguirei fazer isso se eu encontrar a raíz do problema... aquele trama que vem de uma coisa que seu pai lhe falava quando vc era criança.... simplesmente eu desencano do efeito.

Incrivelmente estou resolvendo a disfunção tratando o sintôma, não a causa. Estranhamente bom.


E é só

PS: Desculpa postar outro texto logo em seguida se que alguém tenha postado (nem sei se vcs se preocupam com isso ou é noia própria)

Isomeria

Uma vez me disseram que existem muitos de nós por aí, o que pensamos que somos, o que vêm que somos, o que dizem que somos, o que gostaríamos de ser e o que somos de verdade. Impossível não pensar nisso e no quanto é difícil ter uma visão clara de qualquer uma dessas perspectivas.
Daí minha insistência em homogeneidade. Talvez essa seja minha cruzada, fazer de todos esses cada vez mais o mesmo, um único. E sei que não consigo.
Mas sei que não tenho ilusões quanto a isso.
Arroto na mesa e peido em público; corto a barba quando acho que devo e só corto a unha do pé quando começa a enroscar no cobertor; tomo banho por que transpiro muito, mas não encano em usar desodorante mata-bicheira (que é melhor que os anti-transpirantes); gosto de músicas que ninguém conhece, nunca fiz força pra isso e só toco o que me dá na telha; uso roupa que acho confortável e quando tá barato, levo meia dúzia pra casa; levo marmita pro trampo por que muito melhor que bandejão; leio filósofos enroscados e adoro dar nó na cabeça de pseudo-intelectual; faço musculação por que gosto da sensação de gastar energia. Sou chato, prepotente, arrogante, insubordinado, desagradavelmente sincero, petulante, insidioso, ostensivo, discordante e dissonante
Essa lista é mais chata quanto mais insisto em enumerações. Mas o fato é que, MESMO AVISANDO PREVIAMENTE muitas garotas com quem estive a respeito disso, elas diziam não se importar e quanto (só eu sei) eu me diverti (leia-se meti) enquanto estive solteiro. Rapaz, tem mais história que a carochinha...
O que me espantaria é que eu não sou galã e nem tenho cara de professor de química ou jogador de rugby. Mas eu tenho auto-crítica suficiente pra saber que sou, dentro de uma escala que uso regularmente, fuckable. Espantaria...
Por que eu sei o que sou (ou faço bastante força pra saber o máximo possível). Tenho poucos amigos de verdade. Mas eles não me sonegam a verdade. Eles me pedem a verdade e somos verdadeiros. Também tenho aprendido (e acho que isso a gente nunca sabe tudo) a saber quais palavras levar em consideração.
Assim, não me espanto quando falam o que sou, por que sei o que sou. E quando não sabia daquilo, gosto de ouvir até o fim.
E mesmo com todos esses predicados desagradáveis, quando se soube que eu estava namorando, uma legião de viúvas se pronunciou, em graus variados de tensão emocional, da indignação à fúria... e não foram poucas.
Não faço o tipo comedor, mas essa situação é ilustrativa do contraponto que eu quero estabelecer. O ponto, ou contraponto é, quanto você realmente sabe de si? Quanta verdade é capaz de agüentar (e privadamente posso elucidar tin-tin por tin-tin dúvidas sobre muitos porquês dessa natureza).
Mas quanto a gente quer saber de cada coisa que somos de verdade? PV já bradou a plenos pulmões em posts passados que não quer mais saber disso, B. vai por linha parecida. Quem sou eu pra dizer o que cada um é, mas posso muito bem dizer de coisas que já ouvi e de coisas que eu acho.
E acho (com grande chance de acerto) que sou um puta cara chato.
E tenho dito...
PS: Fiquem à vontade pra esticar aquela lista de predicados, mesmo que pouco lisonjeiros...

terça-feira, setembro 11, 2007

A Insustentável Leveza do Ser

Não sei quantos de vocês já se deram ao trabalho de ler “A Insustentável Leveza do Ser” do Kundera. Pois eu tomei ele emprestado uns meses atrás e já o li duas vezes. Curiosamente, como não costuma acontecer via de regra, mantive minha opinião sobre o livro e as personagens mesmo sob ângulos e momentos diferentes de leitura.

Enfim, alguns trechos acabaram sendo de fato inquietantes e interessantes pra mim, por exemplo quando ele diz que "O homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento." Kundera ainda pergunta: "Mas, na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?". Mais tarde, ele mesmo responde que peso/leveza é a mais ambígua e a mais misteriosa das contradições. No peso ou na leveza pode estar a realização do ser, porém pode significar um pesado fardo existencial ou uma leveza que afasta o ser de sua realidade.

De qualquer forma, “A Insustentável Leveza do Ser" é, pra mim, um livro que, como poucos, explora as vastidões do território do amor. E o faz de uma forma realista. Num certo sentido, pode-se até dizer que o faz de uma forma amargurada. Os personagens centrais ficam juntos porque Tereza é demasiado fraca para deixar Tomás, e porque, a sua maneira, Tomás também é demasiado fraco para a deixar. Dificilmente se poderá imaginar quadro mais desprovido de verdadeiro amor: duas pessoas que estão juntas, simplesmente, porque nenhuma delas tem força pra partir. No entanto, e é esta principal razão pela qual considero este livro de uma profundidade inquestionável, isto pode até nem ser amor verdadeiro, mas é o amor de Tomás e Tereza. Logo, é tão verdadeiro como outro amor qualquer. No mais, este amor nem sequer tem a felicidade para o justificar. Assim, justifica-se a si próprio.

Ler "A Insustentável Leveza do Ser" é ler um livro triste. É ler um livro que relata um amor que vai funcionando sem nunca funcionar. Um amor que funciona apenas, e só. Porque o tempo passa e esse amor não termina. É ler um livro em que, a cada página, este amor, de uma forma paradoxal, parece se autoconsumir e, no entanto, fica sempre mais forte. Talvez, apesar de tudo, não seja assim tão paradoxal: é o tempo aquilo que verdadeiramente joga a favor deste amor. Mas é também no tempo que este amor desgasta as personagens que o vivem. Um Tomás incapaz de fazer Tereza feliz, uma Tereza infeliz incapaz de ser aquilo que, no fundo, nem Tomás sabe o que quer que ela seja.

Na repressão pós Primavera de Praga, a descida dos dois ao anonimato, às profissões menores que ainda iam sendo permitidas a todos aqueles que não fizessem a sua autocrítica, aproxima-os mais ainda. É como se o seu amor fosse um caminho descendente. E neste momento o autor nos leva a pensar e mais tarde a comprender que, mais importante do que o adjetivo, é o substantivo. Assim, este amor é um caminho, como todos os amores o serão. Mas alguns, por maldição talvez, são um caminho que fica no lado escuro dos territórios do amor. Talvez por isso mesmo, no fim, nos deixe um travo de nostalgia e um brilho diferente, triste, melancólico e amargurado.

Aprendi, com este livro, algo que já intuíra: o amor pode não ser sinônimo de felicidade no sentido mais corrente do termo. E pode também não ser infelicidade. O amor, afinal, pode, uma vez mais no sentido mais corrente do termo, não ser amor.

PS: Este texto foi escrito em 20/Abril/2006, mas continua válido!!!

segunda-feira, setembro 10, 2007

Foda: ser ou não ser

Entendam como um desabafo: é MUITO difícil ser uma mega mulher!!! Falo por total experiência PÓPRIA... vira e mexe tem um desgraçado que insiste em dizer que "Janis é foda"... caramba, e isso é bom ou ruim??

No fundo é ruim porque Janis não quer ser foda, quer ser ela mesma. E, na boa, Janis não é essa mulher fatal que tantos pensam. Aquelas histórias de sedução foram todas inventadas, e esse ar superior, de quem sabe lidar com a vida, é apenas autodefesa. As frases filosóficas, foram só pra impressionar, pra passar ilusão de intelectual. Na verdade eu ainda nem sei se acredito nos valores que me ensinaram, quanto mais em frases feitas e opiniões formadas! Mas que fazer se Janis articula bem as palavras, tem amigos legais, é inteligente, apresenta uma boa relação com a familia, tem gostos interessantes, tá sempre estudando, mantém conversas agradáveis, tem um emprego legal e é reconhecida pelo que faz (hoje em dia sem muito esforço), mora sozinha (em imóvel póprio) e se vira, se sai bem tanto em ambientes de alta classe quanto no buteco da esquina, sabe cozinhar e lê filosofia... tá... eu sou foda... o problema é que ninguém tá afim de pegar o pacote completo e levar pra casa!!! E Janis vem cansando do "você merece coisa melhor".

Imagino que quem me conheça possa estar balançando a cabeça positivamente na frente do computador agora!!! Porque então você sabe que eu nunca me conformei (e nunca vou me conformar) em ser só mais uma, em ser uma mulherzinha qualquer com papo de mulherzinha e sonhos de mulherzinha (homem bonito, feriado na praia, roupa nova, carro caro e um creme bom pra celulite... elas não cansam de desejar a mesma coisa??) que lê Caras e faz a unha toda semana... mas eu também sou essa mulherzinha, no sentido que eu também quero colo e carinho e atenção. Não quero mais usar essa máscara de mulher inatingível, de mulher forte com punhos de aço. É aí que ferra tudo... porque então Janis precisa ser MENOS foda do que os caras com quem ela se relaciona e assim, ou deliberadamente escolhe caras fudidos de inteligentes mas com uma dificuldade inerente no trato com as pessoas ou "perde" tempo se divertindo com os errados e se decepcionando horrores (embora já soubesse, desde o começo, que a empolgação era na imagem interna que Janis fazia do cara e não na realidade que ele vendia).

Andei batendo a cabeça. A convicção de independência afetiva? É tudo balela! Eu queria mesmo era dividir a cama, a mesa, o banho. Queria dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões. Um pedaço de torta, uma xícara de café, algum segredo. Tomei aviões, tomei whisky, troquei a lâmpada, abri sozinha o zíper do vestido, decidi o meu destino com tanta segurança... e depois de três semanas pensando, acho que estou no caminho certo: em algum lugar deve existir um filho da puta que vai olhar pra "pobre" Janis e dizer: tá... você é foda... mas não tem problema não... EU NÃO TENHO MEDO... eu pago pra ver!!!! E enquanto ele não chega, vamos vivendo historinhas, dando cabeçadas e levando a vida. Numa boa.

domingo, setembro 09, 2007

Discografia Carcará

Ando bem encanado em música. E música é bom pretesto pra trocar boas idéais.

Resolvi então contar um pouco mais sobre meu gosto musical. Julgem se quiser.


Começo a serie com um disco que me mostraram quando eu cheguei em SP, em 2000, mesmo ano do lançamento deste album, e que ajudou muito a sair da mentalidade pop-rock dos anos 80. Valeu Diogado!!!



Mopho, banda super-desconhecida de SP e talvez até de sua terra natal (a produtora cultural Recife), lançou o disco mais descente de rock nacional desde os Mutantes. Uma mescla de mutantes, beatles, led zeppelin (as vezes até claramente pelas chupinhadas de riffs) sem ser viajado demais. As letras são muito boas, assim como todos os arranjos.

E é bem difícil conseguir um album deles... só vende na Baratos & Afins, na galeria do rock. Acho que uma vez um brother meu conseguiu ver um na Saraiva, mas isso foi praticamente um evento por causa do achado.

Os caras também participaram da trilha sonora do Wood & Stock –Sexo, Orégano e Rock'n´Roll.

Bem, é isso.
O link tá embaixo.

http://rapidshare.com/files/54556276/Mopho.rar.html

terça-feira, setembro 04, 2007

O estranho mundo de C - September revival

Não que não tenha acontecido (pq um fato ocorre a cada hora praticamente), mas demorou pra um post do Estranho mundo de C.
Pra compensar, serão 2.


1) Durante uma discussão acalorada acerca de mangá e anime (que não sabemos de se pronuncia anime ou animê), C. foi consultado, em função de sua acendência oriental.
Dado o desconhecimento a respeito do assunto, C. dispara: "Acho que mangá é aquele desenho tipo Jaspion".
Pra quem não lembra, Jaspion era filmado com atores




2) Já no final da noite, fazendo a contabilização dos gastos da balada, C. pergunta: "quem pagou a pizza?".
PS: Haviamos comido Lanche

Music And Lyrics

É sem vergonha alguma que lhes digo: tenho um fraco por comédias românticas. Aquelas bem água com açúcar e de roteiro óbvio mesmo... que o mocinho e a mocinha se odeiam no início (por motivos diversos mas divertidos), depois passam a se adorar (pelos mesmos motivos), daí ficam uma primeira vez, mas um deles fode com tudo e eles se separam, pra só então no final do filme ficarem juntos novamente, depois de um plano mirabolante de encontro por parte de um ou um pedido de desculpas de amolecer qualquer coração por parte do outro.

Existe, claro, em mim, uma Janis racional e questionadora que sabe viver do que dói e faz crescer, que encara as chuvas tempestivas e se diz o escuro da noite. Mas há também um lado cor de rosa da nossa heroína, uma porção romântica, um mundo no qual essas comedinhas e seus desdobramentos são possíveis e simpáticos. E, guardada as porporções, uma Janis que já viveu (mais de uma vez) uma historinha destas... e gostou!!

No último final de semana assisti outro desses filminhos (já que não é todo dia que Janis está afim de películas pesadas), um que se chama “Letra e Música” e fui surpreendida não só por decentes interpretações por parte dos atores como por uma interessante sátira do mundo da música, que rendeu boas risadas, e por uma canção mela-cueca graciosa de título “Way back into love” muito bem feitinha e que expressa um tanto do que tenho sentido ultimamente.

Deixo aqui a dica e a recomendação: pra aqueles momentos que vocês sentirem vontade de se desligar um pouco do mundo e/ou que precisarem (voltar a) acreditar que a felicidade até existe... e mora logo ali.