Faça-me o Favor!

Não nos responsabilizamos por mudanças súbidas de humor ou apetite, ofenças pessoais ou sentimentos inibidos que aflorem de quem por descuido venha a ler isso aqui. Queremos que tudo se exploda e não queremos explodir juntos. Não estamos aqui para sermos atacados, somos nos que atacamos. Ficamos em cima do muro mesmo, atirando pedra em quem passar em baixo, independente do lado.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Isomeria

Uma vez me disseram que existem muitos de nós por aí, o que pensamos que somos, o que vêm que somos, o que dizem que somos, o que gostaríamos de ser e o que somos de verdade. Impossível não pensar nisso e no quanto é difícil ter uma visão clara de qualquer uma dessas perspectivas.
Daí minha insistência em homogeneidade. Talvez essa seja minha cruzada, fazer de todos esses cada vez mais o mesmo, um único. E sei que não consigo.
Mas sei que não tenho ilusões quanto a isso.
Arroto na mesa e peido em público; corto a barba quando acho que devo e só corto a unha do pé quando começa a enroscar no cobertor; tomo banho por que transpiro muito, mas não encano em usar desodorante mata-bicheira (que é melhor que os anti-transpirantes); gosto de músicas que ninguém conhece, nunca fiz força pra isso e só toco o que me dá na telha; uso roupa que acho confortável e quando tá barato, levo meia dúzia pra casa; levo marmita pro trampo por que muito melhor que bandejão; leio filósofos enroscados e adoro dar nó na cabeça de pseudo-intelectual; faço musculação por que gosto da sensação de gastar energia. Sou chato, prepotente, arrogante, insubordinado, desagradavelmente sincero, petulante, insidioso, ostensivo, discordante e dissonante
Essa lista é mais chata quanto mais insisto em enumerações. Mas o fato é que, MESMO AVISANDO PREVIAMENTE muitas garotas com quem estive a respeito disso, elas diziam não se importar e quanto (só eu sei) eu me diverti (leia-se meti) enquanto estive solteiro. Rapaz, tem mais história que a carochinha...
O que me espantaria é que eu não sou galã e nem tenho cara de professor de química ou jogador de rugby. Mas eu tenho auto-crítica suficiente pra saber que sou, dentro de uma escala que uso regularmente, fuckable. Espantaria...
Por que eu sei o que sou (ou faço bastante força pra saber o máximo possível). Tenho poucos amigos de verdade. Mas eles não me sonegam a verdade. Eles me pedem a verdade e somos verdadeiros. Também tenho aprendido (e acho que isso a gente nunca sabe tudo) a saber quais palavras levar em consideração.
Assim, não me espanto quando falam o que sou, por que sei o que sou. E quando não sabia daquilo, gosto de ouvir até o fim.
E mesmo com todos esses predicados desagradáveis, quando se soube que eu estava namorando, uma legião de viúvas se pronunciou, em graus variados de tensão emocional, da indignação à fúria... e não foram poucas.
Não faço o tipo comedor, mas essa situação é ilustrativa do contraponto que eu quero estabelecer. O ponto, ou contraponto é, quanto você realmente sabe de si? Quanta verdade é capaz de agüentar (e privadamente posso elucidar tin-tin por tin-tin dúvidas sobre muitos porquês dessa natureza).
Mas quanto a gente quer saber de cada coisa que somos de verdade? PV já bradou a plenos pulmões em posts passados que não quer mais saber disso, B. vai por linha parecida. Quem sou eu pra dizer o que cada um é, mas posso muito bem dizer de coisas que já ouvi e de coisas que eu acho.
E acho (com grande chance de acerto) que sou um puta cara chato.
E tenho dito...
PS: Fiquem à vontade pra esticar aquela lista de predicados, mesmo que pouco lisonjeiros...

6 Comentários:

  • Às 3:52 PM , Blogger Burocrata disse...

    hahahaha Finalmente chegamos no centro de todas as discussoes filosóficas, exitencias, todas elas muito profundas, complexas, nobres, chics, e (aquilo que nos massageia o ego e nos faz acreditar que somos diferentes daquela caipirinha sonhadora que chora lembrando do Tiao quando ouve Bruno e Marrone) inteligentes! Este centro é PINTO E BUCETA! Nada mais, nada menos. Como já tinha cantado a bola o genial Woody Allen quando perguntado em que acredita: "I believe in death and sex!". Entao trepe bastante (esse é o objetivo final de tudo que fazemos) porque vc vai morrer!
    Pra bom entendedor dois posts bastam....

     
  • Às 10:29 AM , Anonymous Anônimo disse...

    Huuummm... eu até podia morder minha lingua também, mas não vou!! É que pensei num troço....... Assim... a descrição do OGRO que John fez de si mesmo nada mais é que a montagem de uma mega personagem. Uma BOA personagem, fato, mas irreal (observe que eu não disse falsa ou mentirosa, mas irreal).

    Pra tentar explicar, vamos pegar então só a afirmativa “arroto na mesa e peido em público”, que é a abertura de uma lista de DITAS desgraceiras. Irreal. Irreal porque DUVIDO (mas duvido meeeesssmo) que ele arrote na mesa de jantar na casa da namorada e peide enquanto está dando aulas. E, se acontecer de peidar ou arrotar, não fará nenhum alarde quanto a isso, assim como eu, minha mãe ou a finada Princesa Diana. Todo mundo peida e arrota (graças a Deus, se não a gente explodia!!) e quando se tem INTIMIDADE com quem está do lado, se peida e se arrota e se comenta até.... mas em qualquer outra situação social, nem John e seus predicados de insubordinação e petulância seria capaz de uma “barbaridade” dessas.

    Suponhamos então que, por conta da intimidade, ao lado da namorada John faça questão de arrotar na mesa e peidar em público. Ela nunca achou ruim, pelo contrário, sempre achou autêntico e rústico, mas nunca achou ruim (afinal, isso faz com que ela fique a vontade pra também colocar seus “demônios” pra fora). Suponhamos agora que por um motivo esdrúxulo qualquer o namoro de John vá pro vinagre e então a namorada, numa conversa sentida com a mãe, confesse que achava de uma certa grosseria e mal gosto aqueles hábitos e que no fundo ele era um porco. Então que a sogra será a primeira a levantar a bandeira do “não.... imagina... ele era um menino tão bom... tão educado!!!”

    E é nessa hora que vai por água qualquer tentativa de ser um único ou qualquer ilusão de ser o cara que “arrota na mesa e peida em público”. É irreal!!! Porque, seja você quem for, faça você o que fizer, você usará máscaras e irá se valer de convenções sociais pra viver. Mesmo que seus pés se enrolem nos tapetes da etiqueta por diversas vezes (por inaptidão no trato ou vontade nula de se “enquadrar”), as máscaras serão usadas, e é nesse momento que o que pensamos que somos, o que vêem que somos, o que dizem que somos e o que gostaríamos de ser são 4 sujeitos diferentes que riem aos borbotões do camarada ridículo que SOMOS.

    Eu até poderia seguir o mesmo raciocínio pra alguns dos outros itens da lista, mas acho que já entenderam onde eu queria chegar, não é?! No mais, meu caro John, esticar sua lista de predicados é muito fácil, com ou sem lisonjas, mas quer saber o que eu penso? Quando você diz isso é seu personagem pedindo confetes, pedindo “me amem... me amem... eu sou assim prepotente, discordante e chato, mas no fundo sou um cara legal!!!” e não pega bem!!! Até porque, deixar o outro à vontade pra falar de você só engrandece aquilo que os outros vêem de você e aquilo que dizem de você e então que seu personagem tá aí, louco pra que algum de nós concorde com a sua lista (enaltecendo o que você gostaria de ser) ou discorde radicalmente (tentando encontrar quem você é). É nesse momento que não faço nem uma coisa e nem outra, e encerro.

     
  • Às 11:42 AM , Anonymous Anônimo disse...

    Algumas coisas:
    1. A namorada não acha tão absurdo o peido e o arroto. Mas ela não gosta e realmente acha uma grosseria (aliás, descobri isso ontem quando meu relacionamento subiu no telhado...) e eu quero que se foda.
    2. Peido dando aula. Não aviso que peidei, mas fazer pose pra evitar o barulho dá mais pala que o barulho em si.
    3. Usamos máscaras sim. Aquestão é se esconder nelas ou tentar não usá-las mais. Afirmei com todas as letras que tento, mesmo não conseguindo sempre, ou nem sempre com o sucesso que eu gostaria, ser uma coisa só. Admito a dificuldade e muitos insucessos, mas não deixo de buscar essa homogeneidade enquanto não estiver convencido de que é bobagem.
    4. Eu não quero confetes. Tenho amigos. É fácil assim. E vc, particularmente vc, Janis, sabe que eu não sou chegado em holofotes, mas que é difícil se livrar deles falando alto e sendo tão agressivo como sou.
    5. O que os outros falam, falam. O que levo em consideração disso só aparece depois de reflexão. Me importo com o que os outros falam de mim se tiver fundamento (ou se eu conseguir ver fundamento) e sim, gosto que me apontem defeitos. Mas não preciso desse espaço pra isso pois como já disse, tenho amigos.
    Agora, só pra sair da defensiva, interessante ver vc jogando cortina de fumaça no contraponto - que foi exatamente o que vc não comentou. Talvez por que não esteja numas de fazer a reflexão necessária.
    Mas ainda vou ler meus mails, quem sabe meu humor melhora...

     
  • Às 12:23 PM , Anonymous Anônimo disse...

    O contraponto é o assunto de um novo texto. Queira aguardar, por favor!!! :-)

     
  • Às 8:53 PM , Blogger Puta Véia disse...

    Uhauhauhauha... é por causa dessas e outras que eu acredito que minha esposa vai ser rica sendo psicóloga!!! O que não falta é mercado

     
  • Às 11:21 AM , Anonymous Anônimo disse...

    Se estiver baseando por mim ela morre de fome. Um grande amigo lá da psico diz com todas as palavras que "quem tem amigos não precisa de terapeuta". E como eu costumo dizer, a psicologia está para os desalinhados assim como a educação física está para os gordos. Só gente problemática!!!

     

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