A Insustentável Leveza do Ser
"Um dia em que acabara de fazê-la dormir e portanto ela estava na antecâmara do primeiro sono, de onde ainda podia responder às suas perguntas, ele lhe disse: "Bem! Agora, vou indo". "Para onde?", perguntou ela. "Vou sair", disse ele com voz severa. "Vou com você', disse ela levantando-se da cama. "Não, não quero. Vou para sempre", disse ele, saindo do quarto. Ela se levantou e o seguiu até a entrada, piscando. Estava de camisola curta, sem nada por baixo. Seu rosto permanecia imóvel, sem expressão, mas os movimentos eram enérgicos. Da entrada, ele passou para o corredor (o corredor comum do edifício) e fechou a porta na frente dela. Tereza a abriu com um gesto brusco e o seguiu, convencida no seu estado de sonolência de que ele queria partir para sempre e ela deveria retê-lo. Ele desceu um andar, parou no patamar e ficou esperando por ela. Tereza foi ter com ele, segurou-o pela mão e o trouxe para junto de si, na cama.
Tomas dizia consigo mesmo: deitar-se com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não apenas diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma multidão inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (esse desejo diz respeito a uma só mulher). "
1 Comentários:
Às 10:40 PM , Burocrata disse...
isso é muito verdade
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