Faça-me o Favor!

Não nos responsabilizamos por mudanças súbidas de humor ou apetite, ofenças pessoais ou sentimentos inibidos que aflorem de quem por descuido venha a ler isso aqui. Queremos que tudo se exploda e não queremos explodir juntos. Não estamos aqui para sermos atacados, somos nos que atacamos. Ficamos em cima do muro mesmo, atirando pedra em quem passar em baixo, independente do lado.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Beatles y yo


She’s leaving home a 37000 pés. Tenho de esperar, mas assim como ela estou saindo de casa depois de viver sozinho por tantos anos. Mas tive a diversão, nisso somos diferentes, talvez o que tivesse me segurado em casa seria ela. Quem seria ela? Mas uma coisa esta bem clara pra mim, tudo o que o dinheiro pode comprar não é o que quero, definitivamente. Tenho apenas estado a deriva de acordo com a maré da vida, se me perguntarem, realmente não sei responder como cheguei aqui. Tenho pensado seriamente se tenho estou no caminho certo com minha atitude passiva, ou se estou me distanciando cada vez mais de minha felicidade. Não conheço meus valores. Ou os conheço muito bem e estou apenas fingindo que não os vi pra evitar uma conversa. Não quero deixar mais nada passar sem dizer o que eu quero. Por que dizer é tão difícil? Dizendo acho que este ar finalmente sairá do meu peito.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Chupinhada de um show má-lê-má - Mutantes no Ipiranga

Bom galera, nada melhor pra uma manhã de sexta-feira, véspera de 25 dias de férias, do que um copy/paste da internet.
50 mil pessoas (ou simplesmente "mar-de-gente") no parque do Ipiranga, o quintal do antigo imperador. Segundo o Capa, onde D. Pedro I ia fumar um.

Os Mutantes reúnem 50 mil no aniversário de SP e chamam Lula de "el grande banana"
MARCELO NEGROMONTE
Editor de UOL Música

Cerca de 50 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, não pagaram nada para assistir nesta quinta (25) ao memorável retorno aos palcos brasileiros da banda paulistana Os Mutantes, que não se apresentava no país havia quase 30 anos. O evento, que também incluiu shows da Nação Zumbi e de Tom Zé, foi realizado no parque da Independência, em São Paulo, e promovido pela prefeitura para celebrar os 453 anos da cidade.
Com os originais Arnaldo Baptista (teclado), Sérgio Dias (guitarra) e Dinho Leme (bateria), mais a cantora Zélia Duncan, no lugar de Rita Lee, e o baixista Vinícius Junqueira, na posição que foi de Liminha, Os Mutantes trouxeram psicodelia atemporal, uma breve e clara crítica ao presidente Lula, além de rock, muito rock, durante as duas horas de espetáculo. Se a banda, formada no final dos anos 60, estava então à frente do seu tempo, hoje ela é atualíssima.
O show teve um começo triunfal. Zélia, Arnaldo, Sérgio e Dinho desceram as escadarias do Monumento à Independência e caminharam até o palco. Sérgio estava vestido como d. Pedro 1º (aliás, com a roupa e a espada que o imperador usava quando da proclamação da independência do Brasil na imagem imortalizada no quadro de François-René Moreau), Arnaldo usava batina e crucifixo, alusão ao padre José de Anchieta, um dos fundadores de São Paulo, e Zélia, com uma coroa de flores na cabeça e "look de Glória Coelho", trazia um pequeno bolo com a bandeira de SP encravada. E Dinho estava vagamente caracterizado de bandeirante. Fogos explodiram no céu.
O público ocupava todo o parque da Independência até as escadarias do museu do Ipiranga, do lado oposto ao palco. Antes da primeira música, "Don Quixote", Arnaldo tirou o traje religioso e exibiu uma camiseta com a caveira-símbolo do estilista Alexandre Herchcovitch. Foram os primeiros aplausos para ele, que sempre respondia à manifestação com caretas e trejeitos infantis durante a apresentação.
O repertório do show --e a ordem das músicas-- é o mesmo apresentado no Barbican Theatre, em Londres, em maio de 2006, exceto pela inclusão de "Qualquer Bobagem" e a versão em português de músicas cantadas lá em inglês. Esse espetáculo foi o primeiríssimo retorno da banda aos palcos cujo registro foi lançado em CD e DVD em dezembro passado.
Bem mais desenvoltos do que no show britânico, especialmente Zélia e Sérgio, Os Mutantes convidaram Tom Zé, que tinha feito o show anterior da noite, para cantar duas músicas: "Dois Mil e Um", composição dele com Rita Lee, e a citada "Qualquer Bobagem", outra parceria de Tom Zé com o grupo e cuja versão mais conhecida é a da banda mineira Pato Fu.
A voz de Tom Zé, que vestia uma espécie de parangolé com botões de aparelhos eletrônicos e um disco de vinil, só apareceu no quarto final do rock rural-futurista "Dois Mil e Um" devido a problemas no microfone. Em "Qualquer Bobagem", em que cantou com Arnaldo Baptista, tudo parecia desencontrado. Apesar disso, a presença de Tom Zé no palco desse show era uma festa.
Zélia, que não é Rita Lee e não fez papel de "frontwoman", estava à larga na pesada "Top Top" e na sempre linda "Baby", com boas desenvoltura no palco e colocação da sua voz grave. Como disse Arnaldo ao UOL, "Os Mutantes eram muito banana com Rita; com Zélia é mais Led Zeppelin". "Rock and roooll!", diria Ozzy Osbourne, o equivalente a Arnaldo no espectro "ando meio desligado" do pop.
E o rock veio com tudo em "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer (Cabeludo Patriota)", numa ótima versão quase heavy metal, em "Bat Macumba", o samba mais rock do Brasil, e "Minha Menina", com as distorções originais, além de "Top Top" e sua surpreendente fúria.

"Lulacito, el grande banana"
Igualmente à vontade, Sérgio Dias, que demonstra certa megalomania e parece ter se apropriado de vez dos Mutantes --logo ele, que era o "moleque" da formação original e que deu cara progressiva nos últimos anos da banda em meados dos anos 70--, solou diversas vezes com sua incrível guitarra Regulus (construída pelo irmão Cláudio nos anos 60 e que subiu ao palco pela primeira vez justamente no show londrino do ano passado). O som que sai dela é único, com seus botões e pedais pitorescos, que chegam a emular o barulho de um motor de automóvel, como em "Bat Macumba". Ele era o líder e maestro.
E foi também a voz da banda na crítica que fez ao presidente Lula no cha-cha-cha "El Justiciero", na qual o chamou de "Lulacito, el grande banana" (como Rita Lee?), o que provocou aplausos inerciais e algumas vaias, todos abafados pela continuação da música, que também teve citação pouco elogiosa ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O prefeito de SP, Gilberto Kassab (xingado por parte do público antes de o show começar), ouviu tudo da área vip.
Depois do bis de praxe, com "Bat Macumba" e "Panis et Circensis", a banda voltou novamente ao palco para cantar mais uma vez "Balada do Louco", o que não estava programado ("eu juro que é melhor não ser o normal"...). Foi ovacionada.
Pois bem. Os Mutantes voltaram. Como se o rock psicodélico brasileiro estivesse intacto, porém vivo. Eles farão shows em algumas cidades do país (o próximo é no Rio, dia 3) e no exterior na seqüência. A questão é se essa "volta" vai ser breve e, então, uma aposentadoria geral e irrestrita será o futuro ou se haverá novas e boas canções dos Mutantes do século 21. Se nenhum desses cenários se realizar, desculpe, babe, o público não vai mais ficar com vocês, porque o que é memorável hoje pode facilmente se tornar uma piada.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Chupinhada de um show legal - Ben Harper em SP

Texto bobo informativo sobre um show foda. A preguiça é maior que o respeito

23/01/2007 - 10h22
Ben Harper toca por duas horas e divide palco com Donavon Frankenreiter em SP

FERNANDO KAIDA
Editor-assistente de UOL Música

No primeiro show paulistano de sua atual turnê brasileira, o cantor norte-americano Ben Harper mostrou que tem hits de sobra para enlouquecer a platéia. Mesmo depois de duas horas de show, as 6.000 pessoas --segundo a organização-- que lotaram o Via Funchal na noite desta segunda-feira (22) queriam mais do músico ao final da apresentação.
No palco, Ben Harper reproduz a grande variedade de estilos que costuma gravar e apresenta um repertório diversificado: blues, folk, pop rock, soul, gospel, reggae, rock psicodélico e baladas. Seja qual for o som favorito do espectador, ele certamente recebeu algo do cantor para ir embora com um sorriso no rosto.
De levada blueseira, "Ground on Down" abriu a seleção, às 22h55, com Harper sentado à frente da banda, tocando sua guitarra havaiana lap steel. Em "Serve Your Soul", o telão exibia imagens psicodélicas, e o cantor tirava solos cheios de efeitos e distorções enquanto era acompanhado pela banda.
Depois desse início mais pesado, Ben Harper se levantou e deu espaço a um repertório mais pop e funkeado, com faixas como "Black Rain" --que teve uma sessão de improviso entre os músicos, dos quais se destaca o grande --em todos os sentidos-- baixista Juan Nelson. A partir daí, o show seguiu o roteiro de oscilar entre baladas para os casais, como "Waiting For You", e canções de levada mais animada para o público dançar.
Não importava qual era a sonoridade, aos primeiros acordes de cada canção a platéia respondia com entusiasmo, que se mantinha por toda a música e chegava às raias da catarse em momentos como o endiabrado solo de percussão de Leon Mobley em "Burn One Down".
E catarse foi o que se viu com "With My Own Two Hands", que fechou a primeira parte do show, à 0h15. Com as duas mãos para o ar, Ben Harper comandava as 6.000 pessoas como um líder religioso, que a um sinal as fazia cantar o refrão e balançar as mãos rapidamente de um lado para o outro. Com pouco mais de uma hora de apresentação percorrida, o público não dava o menor sinal de cansaço.
O primeiro bis veio intimista e suave. O cantor voltou sozinho com o violão para tocar três canções de levada folk: "I Shall Not Walk Alone", "Another Lonely Day" e "Walk Away". Hora de acender os isqueiros ou, em tempos atuais, levantar e ligar o celular.
Com os companheiros novamente a seu lado, veio então o segundo bis, que sozinho quase ganha em empolgação do restante da noite. Na primeira canção, um soul gospel, Ben Harper encarna Ray Charles. Em pé, pede silêncio ao público e canta alto, sem o microfone, para êxtase dos fãs. Na seqüência vem o cover de "Sexual Healing", de Marvin Gaye. Apesar de não chegar aos pés da versão original, é mais uma deixa para os casais de namorados.
Para encerrar, o momento "camaradagem". Atração de abertura, o cantor Donavon Frankenreiter sobe ao palco para cantar com a banda o sucesso "Diamonds on the Inside", pop rock de sonoridade country que ganhou uma versão mais longa ao vivo. Em clima de celebração entre músicos e platéia, Ben Harper encerrou a noite abraçado aos amigos, visivelmente emocionado, enquanto era ovacionado pelos presentes.

Donavon Frankenreiter
Quando começou sua apresentação, às 21h20, pouco menos da metade do público estava presente no Via Funchal. Apesar disso, o cantor californiano mostrou que tem um público fiel --o mesmo de Ben Harper--, que conhece as letras e respondia com animação a cada música.
Entre um som com influência do hard rock setentista, repleto de solos de guitarra desnecessários ("That's Too Bad"), baladas com clima de luau ("All Around Us") e canções pop como as do amigo Jack Johnson ("Free"), Frankenreiter deixou o público na temperatura exata para o início da apresentação de Ben Harper.
Pelos aplausos recebidos ao término do show --com a casa já praticamente lotada-- e também quando apareceu para tocar com Harper, Donavon pode voltar quando quiser para um show só seu.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Dinheiro bem gasto 19 - Drogas adultas

Holandês Metal: Cara, tá ligado no churras do Burocrata.
Holandês Metal: A gente teve que dividir camas e a Mulher-Gato dormiu na cama comigo.
Putavéia: O burocrata deve ter morrido de inveja de ver o amor platônico dele dormindo com o inimigo
Holandês Metal: Do jeito q ele estava se ele dormisse não iria acontecer nada..hahahaha
Holandês Metal: e eu então, fechava os olhos e via um monte de círculos coloridos se batendo!!hahahahaha
Putavéia: hahahaha, que loko.
Putavéia: Picture yourself in a bolt on a river, with tangerine trees and marmalede skies.
Putavéia: Somebody calls you, and you answer quite slow...a girl with kaleidoscope eyes!!!!
Putavéia: É meio amigo, não sei o que estou perdendo
Holandês Metal: Q porra é essa??Loucura geral!!!!!
Putavéia: Lucy in the sky of diamonds. Se vc escutasse mais beatles e menos super-metal, vc veria que os caras já falavam na déc. 60 o que vc está vivendo agora
Holandês Metal:Eu ouço metal, coisas de espadas, armas e cavalos..hahhahahahaha
Holandês Metal: E vc nem sentiu ainda, né???
Putavéia: nem... muito infantil né? Muito atrasado
Holandês Metal: Tá mesmo....sá fica naquele b25..hahahahaha
Putavéia: Ah, bons tempos de faculdade!!!! que saudade do B25!
Holandês Metal: Vc ta louco..isso era mó porcaria..
Putavéia: hahahaha. Era muito engraçado... vida de universitário reprimido
Holandês Metal: Era mesmo...eitcha tempo bão sô!!!!!!!!!
Putavéia: Isso que é ser adulto... a gente cresce e vai buscar drogas mais elaboradas.
Holandês Metal: E falando nisso, cadê aquela biscate chicana de merda?

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Dinheiro bem gasto 18 - Estranhamento Feliz

Putavéia: cara, ando estranhamente feliz
Sgt. Peppers: eu também
Putavéia: é uma sensação igual a se eu, de repente, encontra-se resposta para todos os meus problemas
Sgt. Peppers: nossa igualzinho
Putavéia: ai eu fico pensando... "qual foi a solução mesmo?"
Putavéia: e simplesmente não teve solução
Sgt. Peppers: ontem a noite fiquei pensando nisso
Sgt. Peppers: de repente estava estranhamente feliz
Putavéia: caralho... que coincidência maluca
Putavéia: ontem mesmo foi foda
Putavéia: minha mãe me ligou reclamando de umas coisas que eu havia feito
Putavéia: e ela desligou na minha cara
Putavéia: ela nunca fez isso... e eu fiquei muito puto
Putavéia: mas muito puto mesmo
Putavéia: aí só consegui dormir as 3 horas da manhã
Putavéia: sem sono, com raiva, etc...
Putavéia: mas na verdade fiquei pensando muito na falta de respeito que temos com as escolhas dos outros
Putavéia: a gente não aceita muito bem o que o outro faz e a gente não gosta
Putavéia: por exemplo...vc queria fazer arquitetura, mas um monte de gente botou empecílho
Putavéia: eu quis morar no exterior, mas muita gente achou bobeira ou ficou com medo de não dar certo e me "boicotaram"
Putavéia: mas não é um lance de somente "não aceitar"
Putavéia: é tentar mudar o que a pessoa quer
Putavéia: muita falta de respeito com a pessoa, eu acho
Sgt. Peppers: é o que o Sartre diz
Sgt. Peppers: por ser um ser autoconsciente
Sgt. Peppers: o ser humano tem a liberdade de escolher o que quiser para atingir o que ele chama de realização dos projetos
Sgt. Peppers: só que essa liberdade traz junto a angústia
Sgt. Peppers: e a responsabilidade
Sgt. Peppers: os dois derivam do fato do homem saber que a escolha que faz influencia o mundo e os outros seres ao seu redor
Sgt. Peppers: daí que vem a frase dele "o inferno são os outros"
Sgt. Peppers: porque o que ele diz é que as pessoas por terem projetos diferentes (cada projeto de realização é uma combinação individual) as escolhas entram em conflito sempre que os projetos de realização se sobrepõem
Putavéia: mas o ponto é saber aceitar a escolha do outro
Sgt. Peppers: exato sobre isso ele diz o seguinte
Sgt. Peppers: eu so consigo me conhecer através dos olhos dos outros
Sgt. Peppers: então a convivência é algo fundamental para a existência de um indivíduo
Sgt. Peppers: só que para conseguir conviver tenho que aprender a lidar com os conflitos de escolhas
Sgt. Peppers: talvez sua mãe tenha sido um pouco intolerante mesmo
Sgt. Peppers: prejudicando a convivencia de vocês
Putavéia: mas então, voltando ao lance da felicidade estranha
Putavéia: acho que pra mim está muito relacionada com auto-conhecimento
Putavéia: acho que uma das coisas que me deixaram feliz hoje vc sacar exatamente isso de que devemos ter mais respeito pela escolha do outro
Putavéia: no domingo, por exemplo, meu irmão ficou abismado por ter tanta puta perto de casa
Putavéia: xingou... falou que era vagabundisse
Putavéia: que se precisasse de dinheiro, venderia cerveja na rua... blábláblá
Putavéia: o ponto é que a gente não sabe da vida da pessoa
Putavéia: e também nós não sabemos se a escolha foi feita concientemente ou se a pessoa foi empurrada pra isso
Putavéia: mas de qualquer jeito, temos que respeitar a principio a descisão dela
Putavéia: se queremos opinar, precisamos ter mais informações a respeito daquilo
Putavéia: e não fazer um julgamento rápido e as vezes burro sobre aquilo
Putavéia: e começar a usar mais o "eu acho"
Putavéia: ser menos imperativo e mais subjetivo
Sgt. Peppers: é se a gente não julgasse tanto os outros, com certeza não seriamos tão julgados também
Sgt. Peppers: e isso seria reconfortante
Putavéia: é... e eu estou começando a fazer a minha parte
Putavéia: mas tb acho que estou feliz pq estou reaprendendo a admirar as coisas

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Técnicas e Rasteiras

Era pra ser um comentário à última postagem. Ficou grande demais... então vai como post.

A formação das conexões neurais não diminui o ritmo até mais ou menos os 16 anos. Aí, os hormônios mudam um pouco as coisas. Mas é outra história. O caso é que criança tem a rede preparada pra incorporar coisas novas. Já reparou como elas aprendem tudo, de bom e de ruim? Línguas, música, esportes... principalmente atividades com forte presença de componente motor.
Quanto à inteligência, em primeiro lugar, temos grande dificuldade pra definir inteligência. Mas se estivermos falando apenas de capacidade cognitiva, estamos diante de algo como cor de olhos, massa muscular, timbre de voz. Quer dizer, podemos tentar fazer o Burocrata virar o próximo mr. Olympia, mas certamente é mais fácil, ou mais proveitoso, tentar isso com o Prof. Israel, por ex. Por que este último tem mais potencial pra expansão da massa muscular que se espera nesse sentido. È claro que se estimularmos as crianças de forma a expandir suas capacidades cognitivas, teremos bom resultado. Mas se isso for igual pra todos, o máximo que se observará é uma curva de Gauss, ou curva do sino, aquela da distribuição das estatísticas, se deslocando pra um novo patamar, mas ainda com a mesma estrutura de antes, mas um pouco melhorada.
Enfim, observa-se que muitas coisas na natureza são assim, e isso é chamado de "fitness", ou seja, a melhor adaptação pra lidar com um determinado ambiente. A diferença da natação do Golfinho e do Peixe-Boi. Ambos vivem muito bem, obrigado e estão aí. Mas o caso é que se analisarmos uma série de parâmetros de natação, veremos que os golfinhos têm melhor rendimento. E não há nada de errado com o Peixe-Boi, mas ele não nada como um golfinho, ainda que viva muito bem no seu ambiente.
No caso dos programas de tv, sim, pode-se oferecer coisa melhor, mas essa não é a lógica que rege as coisas. Eles querem consumo, por isso, procuram o que agrada a maior parte das pessoas na gaussiana. E a "inteligência" delas vai requerer um tipo de programação e produto. Como vende mais, é destinado pra elas. Mas vc tb pode escolher o seu público e ver se ele pode pagar mais por uma coisa melhor, que necessariamente é mais cara.
Resumindo: tem que ter alguém pra deixar minha privada cheirosa, varrer o meu studio e limpar as garrafas da minha adega... e ainda agradecer aos céus por ter isso pra fazer. Mesmo por que, eles não se interessam nem um pouco por cultura; querem sim é notícias populares, novela mexicana e mesa farta. E na outra ponta sempre tem um bando de intelectuais atormentados que acha que o mundo pode ser melhor e que todos deviam ter direitos iguais. Não deviam. Todos deviam ter a oportunidade de serem o que quisessem com dignidade. Seja filósofo, cientista, puta ou burocrata, todos deveriam ter dignidade e direito de escolher isso.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Dinheiro bem gasto 17 - Papo de doido. De PJ Harvey a Guimarães Rosa... passando pela TV

Putavéia: E o tanto que eu fiquei feliz semana passada (24/11/06) na hora do almoço
Putavéia: que na escola do lado, no intervalo, tava tocando PJ Harvey!
Doix: opa!
Putavéia: the letter
Putavéia: do último disco, sabe?
Doix: a 5?
Putavéia: é... acabei de conferir no meu I-Pod
Doix: quer que eu fique com inveja do seu AI PODE?
Putavéia: esse é o sentido de se comprar coisas da apple, não é né?
Putavéia: mas então, fiquei com a sensação que existe vida inteligente em São Paulo
Putavéia: e que isso pode ser massificado, e não ficar só restrito a um grupinho hype
Doix: IDEALISMO?
Putavéia: não capitei o lance do idealismo
Doix: já explico.... peraí


... 2 horas depois...
Doix: o q vc tinha dito antes de eu falar do idealismo?
Doix: ah, tá...
Doix: a inteligência não pode ser massificada
Doix: é uma contradição em termos
Putavéia: pq?
Putavéia: se todo mundo fosse inteligente, seria uma merda?
Doix: se todo mundo tivesse grana, seria uma merda?
Putavéia: lógico que não
Doix: por isso te chamei de idealista
Putavéia: esse discurso parece um papo de homo neanderthalensis dizendo que se todos fossem homo sapiens seria uma merda
Putavéia: mas acho que isso é idealismo sim, mas sem o lado pejorativo da palavra
Doix: peraí... tenho que acabar um negócio aqui, mas quero voltar naquele papo da massificação

... 1 hora depois...
Putavéia
: e o papo?
Putavéia: tá fudido aí?
Doix: tô acabando...

... 30 minutos depois...
Doix: a questão é a seguinte:
Doix: se vamos falar de massa, nada melhor que pensarmos na televisão, correto?
Doix: já viu algum programa realmente inteligente dar certo?
Putavéia: o que é dar certo? ter mais de 10 pontos de Ibope ou existir por mais de 10 anos?
Doix: do ponto de vista da audiência
Doix: massa = pontos no ibope
Putavéia: simpsons
Putavéia: david letterman
Putavéia: mas tudo bem, continua o raciocínio
Doix: ok, uma excessão, pq consegue ser entendida, ainda que parcialmente, pelos burros
Doix: o raciocínio é simples... não se ensina inteligência através de cultura de massa
Doix: pois, pra ser de massa, ela deve atingir a todos
Doix: e a maioria é burra
Putavéia: então vc não acha que seja possível que a régua suba? que os burros sejam menos burros?
Putavéia: parenteses
Doix: eu acho que dá pra subi o nível, mas não via cultura de massa
Putavéia: beatles, led, stones, é bem pop
Putavéia: claro que a maioria não consegue sacar tudo o que os caras querem passar, mas só de estar em contato com isso já é um benefício para a pessoa
Doix: OK.... benefício imenso; mas inteligência...
Putavéia: voltando a televisão
Putavéia: vc acredita que os primeiros 2 anos de vida da criança são os que criam a maioria das conexões neurais, certo?
Doix: não sei o que são conexões neurais
Putavéia: resumindo, seria o qto o cerebro da criança vai poder ser utilizado
Putavéia: imaginando um cpu, seria o tamanho do HD
Putavéia: é durante esse período que a criança vai construindo seu HD
Doix: tá
Doix: isso é comprovado?
Putavéia: acredito que sim
Putavéia: não sou tão expert nisso
Putavéia: mas essa afirmação eu engoli
Doix: tá. tb acredito. Mas e a tv?
Putavéia: então, neste período, quanto mais estímulos sensitivos a criança tiver, melhor
Putavéia: pq vai ser isso que ira estimular a formação do HD da criança
Putavéia: igual a gente
Putavéia: quanto mais experiência sensoriais tivermos, melhor será para nossa cabeça
Doix: via tv? pruma criança?
Putavéia: via qualquer coisa
Doix: deus me livre de ser seu fliho!
Putavéia: não sanatiza a TV
Putavéia: O canal de transmissão não é tão importante. Pode ser via música
Putavéia: via filme, via contato direto
Doix: não...
Doix: tá...
Doix: mas agora vc mudou o foco pras crianças...
Putavéia: perai
Doix: e elas são a esperança do mundo
Putavéia: não acabei
Putavéia: então, quando uma rede inglesa lança um Teletubbies, com todas aquelas cores, aqueles sons, focados para crianças de 1 ano de idade
Putavéia: eu acredito que isso, desde que dosado, faça bem pra criança
Doix: pode ser..,
Doix: se os pais não puderem fazer melhor...
Putavéia: então, logo o teu demônio mental (a TV) pode sim ser benéfica para ampliar a inteligência
Putavéia: já que esse conceito é muito derivado da capacidade do seu HD
Doix: tem uma falha no seu raciocínio: não dá pra fazer esse salto, da criança pro adulto
Putavéia: não entendo muito de neurologia, mas acredito que seja possível desenvolver o cerebro de uma pessoa adulta também
Putavéia: não sei como, mas acho que se uma pessoa receber muito conhecimento, ela pode sim começar a criar as relações necessárias para desenvolver a inteligencia
Doix: mas se a pessoa não foi adequadamente educada, não tem jeito
Putavéia: então, é só educar
Putavéia: é meio aquela aposta que os velhinhos fazem no Trocando as bolas, com o Eddie Murphie
Doix: não vi
Putavéia: o Eddie Murphy é um mendigo e os caras apostam que podem transformar ele em um executivo
Putavéia: e tiram o emprego do Dan Alkoyd
Putavéia: o que quero dizer é que todo mundo tem a capacidade de aprender
Putavéia: e que é possível sim que isso seja feito via meios de massa
Doix: não é
Doix: vc tá sendo demagogo
Putavéia: PUTA MERDA.... que mania de achar que as coisas são impossíveis
Doix: primeiro pq: nem todo mundo tem a mesma capacidade
Doix: temos 2 tipos de inteligência... uma que se nasce, e outra que se adquire
Doix: as duas coabitam nossa cabeça
Putavéia: Para Howard Gardner, existem 7 tipos de inteligência
http://pt.wikipedia.org/wiki/Howard_Gardner)
Doix: Pau no cu do Gardner... para de ser chato e me escuta
Doix: se o cara não tem a primeira, vai conseguir, no máximo, ser um sujeito esforçado
Doix: vc deve estar cansado de vê-los no teu emprego
Doix: q horas vc sai?
Putavéia: daqui uns 10 minutos
Doix: vamo trombá?
Doix: quero passar no camelô pra comprar outro sagarana pra dar de presente pro burocrata
Putavéia: blz
Putavéia: vamos lá
Putavéia: aí a gente chora um desconto pra pegar um pra mim tb
Putavéia: tava 30 contos o último camelo que eu vi
Doix: merda!
Doix: paguei 35 feliz da vida

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Dinheiro bem gasto 16 - La muerte

Sgt. Peppers: como foi o fim de semana?
Putavéia: então, meio ruim
Sgt. Peppers: por que?
Putavéia: teve aquela festa do meu amigo burocrata
Putavéia: mas a gente não foi
Putavéia: uma tia da minha mina faleceu na sexta-feira (15/12/2006)
Putavéia: aí a gente foi pra Mococa
Sgt. Peppers: putz que chato
Sgt. Peppers: você tava falando na festa a semana inteira, estava animado para caramba
Putavéia: é. na verdade, tava esperando pra ir desde novembro
Putavéia: que foi quando começamos a organizar
Sgt. Peppers: ela era muito próxima dessa tia?
Putavéia: não muito, mas tinha contato
Putavéia: Lá no velório eu me toquei de um negócio
Putavéia: tem aquele momento de extrema unção, que o padre reza uma missa
Putavéia: depois fiquei pensando e me toquei de uma coisa
Putavéia: a base da religião é o medo da morte
Sgt. Peppers: da católica ou de qualquer uma?

Putavéia: acho que de qualquer uma... sou católico, não posso falar muito das outras que eu não conheço
Putavéia: mas vi na hora que o desconhecimento do pós-morte nos faz se apegar a religião
Putavéia: uma "explicação" de algo inexplicável
Sgt. Peppers: tem razão, é bem isso mesmo
Sgt. Peppers: na verdade o que muda de uma religião para outra é a interpretação do pós morte
Sgt. Peppers: todas elas dizem que você tem que ser legal com os outros...
Sgt. Peppers: fazer o bem e tal...tudo igual
Sgt. Peppers: muda algumas coisas sobre a criação do mundo
Sgt. Peppers: mas no fim é o que você disse mesmo, é o medo da morte que conta
Putavéia: que vc tem que ser bom pra merecer um lugar ao lado de Deus
Sgt. Peppers: uns acham que vão reencarnar, outros que vão para o éden, outros que vão encontrar 11 virgens, e por aí vai
Putavéia: sempre tive muito medo da morte
Putavéia: muito mesmo
Putavéia: quando criança, tinha pesadelos com isso
Sgt. Peppers: a sua ou de outros?
Putavéia: na infância da morte dos outros. Também pq qdo vc é criança, vc se acha indestrutível
Putavéia: hoje eu tenho muito medo da minha
Sgt. Peppers: eu tenho mais medo da morte dos outros
Putavéia: disso em tenho também, mas hoje sou mais egoista
Putavéia: não do que vai acontecer depois, mas pq eu gosto muito da minha vida
Putavéia: gosto de viver com as pessoas que eu convivo
Sgt. Peppers: você gosta muito da sua vida?
Putavéia: ô se gosto
Sgt. Peppers: não tinha esta impressão
Putavéia: Eu não gosto muito é das coisas que eu faço, principalmente pq acho que é um desperdício da vida
Putavéia: mas então, eu comecei a fazer terapia por causa disso
Putavéia: meio velado pq eu tinha vergonha ou medo de falar disso
Putavéia: então comecei falando que tinha uns pesadelos, por isso precisava de terapia
Putavéia: lá que eu fui descobrir que tinha um punhado de outros problemas, mas o foco inicial era tratar esse medo da morte
Putavéia: mas voltando tudo. Comecei falando na relação medo da morte x religião pq ver aquela missa me fez bem
Putavéia: não fiquei acabado como ficava antes
Putavéia: e aceitei um pouco dos ensinamentos católicos que tive
Putavéia: de que o corpo é só o "carregador" da alma
Putavéia: e essa não morre nunca...e é essa que é importante
Sgt. Peppers: você ia gostar do Budismo
Sgt. Peppers: o Budismo tem um lance que nem Matrix
Sgt. Peppers: como se a alma estivesse lá onde o NEO está conectado nas máquinas
Sgt. Peppers: e tudo o que acontecesse aqui não passasse de percepções
Sgt. Peppers: eu não sei muito
Sgt. Peppers: mas sei que a passagem de corpo para alma é muito mais simples no budismo que no catolicismo
Sgt. Peppers: não tem nada de purgatório, céu e inferno
Sgt. Peppers: diz que isso tudo é coisa da Matrix
Sgt. Peppers: que entra na nossa cabeça, mas na verdade não existe...
Putavéia: mas a morte é um negócio chato
Putavéia: hoje eu sou mais desprendido disso do que antes, mas ainda sou muito
Putavéia: não engulo bem esse negócio de nunca mais ver a pessoa
Putavéia: mas tb acho que o chacoalhão que a morte causa é benéfica para quem fica
Putavéia: tipo..."preciso viver mais minha vida"
Putavéia: a morte nos faz lembrar o quão importante é a vida
Putavéia: acho que até dá pra fazer uma relação com esse desejo por desgraça que temos
Putavéia: nesse monte de programas de TV que gostam de mostrar desgraça
Putavéia: jornais vendem mais quanto tem mortes diferentes
Putavéia: Mas é perigo qdo se banaliza o evento da morte... igual o que acontece no Iraque ou no RJ
Putavéia: porque aí a gente banaliza também a importância da vida

quarta-feira, janeiro 10, 2007

BBB7 - Sai a justiça social, entra a ditadura da estética

Texto extraido do blog No Mínimo, ótimo blog escrito por bons jornalistas

http://olhaso.nominimo.com.br/?p=405

Chegou a hora dessa gente bronzeada, marombada e siliconada mostrar seu valor. Na estréia do “Big Brother Brasil 7″ ontem na Globo, a galera do “uhu!”, do “irado” e do “caraca” provou que está pronta para dominar o programa.
O “BBB 7″ começou com algumas novidades pontuais. Logo no início o candidato Fernando Orozco foi eliminado por ser amigo de um diretor da Globo (que tentou demonstrar, de forma um tanto tardia, uma idoneidade que vem sendo constantemente questionada). No final, Pedro Bial anunciou que dois candidatos - e não apenas um - serão eliminados na próxima semana.
Mas só houve uma mudança realmente fundamental no “BBB 7” em relação às três últimas edições: não há mais sorteio de participantes. Na prática, isso significa que os candidatos pobres, gordos ou feios foram eliminados a priori, em um processo de eugenia televisiva.
Boninho, diretor do programa, explicou a decisão em entrevistas: o objetivo do “Big Brother” é entreter, não fazer justiça social (e, assim, com uma medida provisória, o Brasil perde uma de suas modalides de inclusão social a conta-gotas).
Sai a justiça social, entra a ditadura estético-hormonal. Este é o elenco mais homogêneo das sete edições do “Big Brother”: todos são jovens (entre 20 e 30 anos), magros, solteiros, “de boa aparência”. Eles já eram maioria nas outras edições. Mas havia sempre uma ou outra exceção. Agora tá tudo dominado.
A julgar pela primeira festa, todos são também bastante desinibidos e disponíveis. Estimuladas pela extrovertida Liane, as garotas fizeram uma pequena demonstração de como se dança o verdadeiro funk carioca. E a loira Flávia – que, ao ser perguntada sobre sua profissão, disse que faz fotos e dança nas baladas – já reclamou que foi encoxada por um dos mascarados da festa.
Elas bem que poderiam ter ouvido o conselho dado por Grazi Massafera: aproveitem o programa para tirar férias e fazer um auto-conhecimento de si próprios (não se pode elogiar a moça, como fiz alguns posts abaixo, que ela fala uma barbaridade dessas). Mas o momento não está para filosofia barata. A ordem agora é entreter.
Pedro Bial já disse que o público rejeita o sexo no “Big Brother”. Então aí vai uma pergunta: qual é o sentido de convocar 16 jovens solteiros com hormônios em ebulição para o programa?
Mas a questão mais importante é a seguinte: se os candidatos sorteados ganharam duas das três edições em que houve esse dispositivo (e, portanto, tornaram-se participantes queridos pelo público e ajudaram a levantar a audiência), por que cortá-los da nova edição?
Tenho uma pequena teoria a respeito. O “Big Brother” costuma ser visto apenas como um fenômeno de audiência. Mas é também um paraíso do merchandising – o que é tão ou mais importante para a emissora. Pobre pode até ser bom para desperter a piedade alheia e ganhar o programa. Mas não é bom o suficiente para vender carros de luxo e boa parte dos produtos anunciados.
A nova edição do “Big Brother” fez uma opção por candidatos que saem bem na foto. Mas há um risco nessa escolha: ao selecionar pessoas com mais semelhanças do que diferenças (e elas têm em comum ao menos o fato de pertencer à elite estética do país), o programa corre o risco de esvaziar seus conflitos e perder audiência. E são sempre os conflitos que movem a dramaturgia – seja das telenovelas ou dos reality shows.
A idéia de que o “Big Brother” é a novela da vida real ou um pequeno microcosmo do país sempre me pareceu uma balela. Mas há algo realmente inovador no formato do programa: a ficção é construída não apenas pelos roteiristas, diretores e editores, mas também pelos atores e pelo público – o que a torna mais fluida e flexível que nas obras fechadas.
Em quase todas as edições anteriores, a parte mais interessante da ficção foi a maneira como a maioria lidou com a exceção: o caipira Bam Bam, a ignorante Sol, a despossuída Cida, o homossexual Jean, o obeso Tinho. Ou melhor, a maneira como os candidatos não souberam lidar com o diferente, como eles escolheram alternativas equivocadas de relação, como o distanciamento, a humilhação ou o paternalismo.
Os momentos mais reveladores do programa aconteceram nesse curto-circuito do politicamente correto, nas cenas em que os atores deixaram cair a máscara de seus personagens. Posso estar enganado (e freqüentemente estou), mas acho que esta edição promete render menos instantes como esses - e, portanto, deverá ser menos interessante do que um clássico como o “BBB 5″ (o de Jean e Grazi).
Estamos apenas no início de uma longa jornada “Big Brother” adentro. Em algum momento, os candidatos podem se revelar facínoras ou covardes, pulhas ou psicopatas. Os mais fortes podem se unir para subjugar os fracos, e estes podem bolar uma resposta letal. Mas, a julgar pelo primeiro programa, não será muito fácil diferenciar um participante do outro. Talvez pela cor dos cabelos ou o tamanho dos bíceps.
Publicado por Ricardo Calil - 9/01/07 11:59 PM

terça-feira, janeiro 09, 2007

Dinheiro bem gasto 15 - Quase Famosos

AVISO AO LEITOR. Caso vc não tenha assistido ao filme Quase Famosos, vc ache este texto mais chato do que ele realmente é

Putavéia: Puta merda... assisti quase famosos ontem
Sgt. Peppers: eu tenho esse filme já vi 120 vezes
Sgt. Peppers: é bom para caralho
Putavéia: nossa senhora.... que maravilha
Putavéia: os diálogos são meio falsos
Putavéia: mas o contexto que é foda
Putavéia: e a abertura então... do cara escrevendo no papel o nome dos atores. Puta sacada
Putavéia: e no final que o cara fica revendo as fotos da turnê
Putavéia: imagina isso na prática... o diretor de arte fala... "preciso simular umas fotos da turnê"
Putavéia: e o cara saca que durante os 8 meses de filmagem... tem que ter fotos, não dos atores... mas dos personagens
Sgt. Peppers: é muito legal mesmo
Putavéia: é isso mesmo que eu quero fazer da vida
Putavéia: filmes / música / reportagem
Putavéia: foda me tocar só agora
Sgt. Peppers: você não tinha assistido ainda?
Putavéia: não
Putavéia: então
Putavéia: durante a primeira hora do filme, não sabia se o filme era insuportavelmente idiota ou era genial
Putavéia: por causa dos diálogos muito loucos e clichêzados
Putavéia: mas depois fui vendo que é surreal estilo simpsons, pensadamente clichê
Putavéia: nossa cara.... tô pirando do filme
Sgt. Peppers: Sabe aquela hora que ele está em cima do telhado na festa e ele grita "I am a golden GOD!"
Putavéia: é o robert plant, não é?
Sgt. Peppers: é
Sgt. Peppers: essa hora é muito engraçada. "I'm on drugs!!!"
Putavéia: eu vi dublado, e os cara traduziram gruppies para fãnsocas
Sgt. Peppers: que merda
Putavéia: preciso ver esse filme de cara pra ver se eu curto também
Putavéia: Eu li que esse filme é baseado na vida do roteirista, Cameron alguma coisa.
Putavéia: Que ele acompanhou a turnê do Led Zeppelin quando ele tinha 15 anos, pra escrever pra Rolling Stones
Putavéia: E que a Stillwater é uma mescla de Led, Lynyrd e Allman brothers
Sgt. Peppers: É verdade. O cara é o mesmo que escreveu Vanilla Sky. Cameron Crowe
Putavéia: e a trilha sonora o tanto que é foda
Sgt. Peppers: nossa é animal
Putavéia: tem bowie, led, iggy pop, sabbath,
Sgt. Peppers: lynyrd, simple man, boa para caralho
Putavéia: the who
Sgt. Peppers: cara esse filme é muito bom mesmo
Sgt. Peppers: quando eu comprei o DVD eu vi tres vezes seguidas numa madrugada de sábado
Sgt. Peppers: acabava e eu via de novo
Putavéia: é que na verdade, a gente é meio roqueiro
Putavéia: a gente curte muito rock
Sgt. Peppers: cara e hora que toca Sparks do Tommy
Sgt. Peppers: o menininho acende a vela e começa a tocar a música
Sgt. Peppers: essa hora arrepia
Putavéia: muito foda mesmo
Putavéia: e essa música é muito foda também
Sgt. Peppers: aí aparece ele escrevendo na calça
Sgt. Peppers: Led Zeppelin
Sgt. Peppers: Black Sabbath
Sgt. Peppers: cara quando voce ver de novo é legal prestar atenção nas coisas que fala o Lester Bangs
Putavéia: o "editor"?. amigo dele... gordo bebado
Sgt. Peppers: é, critico de rockSgt. Peppers: acho legal quando ele fala sobre o uncool
Sgt. Peppers: não sei como traduziram isso
Sgt. Peppers: que ele fala que os caras da banda são legais e o moleque não é legal
Sgt. Peppers: mas eles fazem ele se sentir legal
Sgt. Peppers: aí o menino fala, "ainda bem que voce estava em casa"
Sgt. Peppers: e ele fala, claro que estava em casa eu não sou legal (sou uncool)
Sgt. Peppers: eu tinha me identificado para caralho com esse lance do uncool, meio que eu gosto de rock, mas não sou roqueiro, não sei tocar, não tenho tatuagem, então nessa hora eu me senti uncool para caralho
Sgt. Peppers: no final o vocalista fala que ele é uncool também, achei do caralho
Putavéia: mas eu curti muito as cenas irreais
Sgt. Peppers: quais?
Putavéia: tipo... assim que o hammond é eletrocutado e eles vão pra dentro do onibus e o busão tá saindo do lugar
Putavéia: surge no nada aquela gruppie do lado de fora, correndo junto do ônibus, pra dar o recado que a mãe dele ligou
Sgt. Peppers: e da de cara com a parede
Sgt. Peppers: é legal essa cena mesmo
Sgt. Peppers: meio coyote do papa-léguas
Sgt. Peppers: eles esquecendo o vocalista na estrada
Sgt. Peppers: ele sai gritando "legal me esquecer aqui, eu sou só o vocalista!"
Putavéia: é verdade
Sgt. Peppers: e a entrevista no rádio com o locutor chapado
Sgt. Peppers: é muito boa
Putavéia: que o cara troca o disco no meio e bota um iggy pop
Sgt. Peppers: não
Sgt. Peppers: que eles vão dar entrevista para aquele gordinho careca que tá fumando maconha aí ele dorme Sgt. Peppers: eles começam a falar um monte de merda
Putavéia: putz.. isso eu acho qeu não vi
Sgt. Peppers: será que essa cena é da versão do diretor?
Putavéia: talvez
Putavéia: mas então
Putavéia: o filme é cheio de clichÊs
Putavéia: muitos mesmos
Putavéia: só que são bem chapados
Putavéia: bem zoeiras, sem ser ironico como um mike mayers
Sgt. Peppers: é verdade
Putavéia: igual... qdo a irmã dele vai embora ela fala:
Putavéia: "eu vou lhe libertar. olhe embaixo da minha cama" e estão lá os discos de rock
Putavéia: ou qdo a mãe dele liga e quem atende é aquela putinha perguntando se era a Mary da maconha
Putavéia: e rola um puta papo, da mina falando que o filho dela é muito bom, que é um anjo
Putavéia: ou qdo o guitarrista (que eu esqueci o nome) pega o telefone pra falar com a mãe do reporter... e toma o maior sermão
Sgt. Peppers: hammond
Sgt. Peppers: o sermão é clichê, mas a cena é boa
Sgt. Peppers: o cara fica com maior cara de passado
Sgt. Peppers: antes de entrar no show ele tá meio atordoado ainda
Sgt. Peppers: e o gordinho do hotel, quando ele dá o recado que a mãe do moleque ligou para ele
Putavéia: hahhaha
Putavéia: "díficil sua mãe hein?"
Sgt. Peppers: "pede para ela parar"
Putavéia: então... o legal é que essas cenas na vida real quase não existiriam
Putavéia: é muito irreal
Putavéia: mas é muito legal isso
Putavéia: é diferente, por exemplo, do wesley snipes em blade. que finge ser real
Sgt. Peppers: e a cena do piloto quando o avião para de cair
Sgt. Peppers: "puta merda que sorte que a gente deu!"
Putavéia: é verdade
Putavéia: o cara fica comemorando como se ganhasse na megasena
Putavéia: mas essa cena foi forte pra mim
Sgt. Peppers: por que?
Putavéia: se fosse comigo, não ia confessar nada
Putavéia: não ia começar a brigar com todo mundo
Putavéia: ia morrer calado, sem ter falado aquilo que realmente queria falar
Putavéia: foi muito ruim
Sgt. Peppers: não dá para saber, não sei você, mas nunca tive perto de morrer
Sgt. Peppers: de repente você fala que nem o carinha falou que era gay
Putavéia: sai fora... gay tua bunda
Sgt. Peppers: hahahaha
Sgt. Peppers: o cara não fala nada o filme inteiro
Sgt. Peppers: mas na hora que tá pra morrer falou
Putavéia: é verdade... ele não fala nada o filme inteiro. A única fala dele é "sou gay!"
Putavéia: nem o baixista
Putavéia: baixista nunca tem vez
Sgt. Peppers: o baixista vai dar aquela entrevista idiota
Sgt. Peppers: o menino pergunta qual é o elemento que ele adiciona na quimica do stillwater
Sgt. Peppers: aí ele fala "o baixo"
Sgt. Peppers: ai o moleque insiste o que faltaria se voce saisse da banda
Sgt. Peppers: aí ele pensa pra caralho e fala "o baixo?"
Sgt. Peppers: é muito louco
Sgt. Peppers: baixista só toca baixo e foda-se o resto
Putavéia: essa eu acho que também não tem
Sgt. Peppers: porra não tem as melhores cenas!!!
Sgt. Peppers: tem que ver a versão extendida então

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Dinheiro bem gasto 14 - Abrindo o jogo


Putavéia: comecei a fazer um negócio
Putavéia: comecei a pegar essas ideias que a gente troca e publicar no blog
Putavéia: faço umas correções, mudo os nomes, resumo um pouco
Putavéia: mas publico lá agora
Doix: como se fosse um diálogo mesmo?
Putavéia: é
Doix: q massa!
Putavéia: tipo o Ócio Criativo do Doménico, ou o Poder do Mito, do Campbell
Putavéia: já coloquei 13 lá
Putavéia: comecei com aquela alto definição, que eu sou um babaca experiente
Putavéia: mas já tenho material pra mais uns 10 posts
Doix: vc dá uma trampada nos diálogos e posta?
Putavéia: só umas arrumadinhas no português
Putavéia: junto uns paragrafos de vez em quando
Putavéia: substituo os nomes pra manter a "privacidade"
Doix: saquei
Putavéia: mas o legal é colocar ele cru
Putavéia: tipo, qdo vc fala... "já volto", eu deixo lá
Putavéia: pra refazer todo o momento
Doix: vou lá ver
Putavéia: o melhor são os comentários do armless john e de uma tal Janis
Putavéia: eles não entenderam a ironia de algumas conversas
Putavéia: aí ficaram achando que eu sou um completo idiota
Putavéia: lê lá e deixa uns comentários
Doix: depois eu deixo... agora tá zebra
Putavéia: sussa

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Dinheiro bem gasto 13 - Run for your life

Putavéia: Cara, comprovei agora
Putavéia: Definitivamente não gosto de gente idiota
Putavéia: e por isso, não gosto de escutar esse povo falando
Putavéia: só que aí eles falam de temas que eu gosto, tipo do jogo do Barcelona de agora pouco
Putavéia: e eu fico com raiva deles e, além disso, do próprio assunto
Putavéia: isso explica muito eu deixar de gostar de coisas que eu achava legal pq gente idiota começou a gostar
Putavéia: tipo, deixei de gostar de Alanis Morisette por causa disso
Putavéia: um monte de menininhas idiotas do meu colegial começaram a "amar" alanis
Putavéia: eu larguei mão, pq não queria ser igual a elas
Putavéia: ou então ir em barzinho da Vila Madalena a tarde de fds
Putavéia: pq o povo besta da faculdade gostava de ir
Sgt. Peppers: era exatamente o que eu queria dizer daquela história do show do Ben Harper
Putavéia: que na fila do ingresso tinha umas menininhas com camiseta do Jack Johnson?
Sgt. Peppers: É
Sgt. Peppers: você se importa muito com os outros....
Sgt. Peppers: se importa tanto que até deixa de gostar de coisas que gosta muito por causa dos outros...
Sgt. Peppers: isso é muito ruim, porque tudo na vida tem um idiota que gosta
Sgt. Peppers: aí você vai acabar não gostando de nada
Putavéia: é

Putavéia: isso é típico de quem baixa auto-estima e precisa sempre se comparar
Putavéia: benchmark comportamental
Putavéia: parece o monitoramento de concorrência que eu faço
Putavéia: mas nesse caso não tem concorrência
Putavéia: ou até tem
Putavéia: só ser for concorrência por atenção
Putavéia: quero ser o centro das atenções
Sgt. Peppers: pode ser
Sgt. Peppers: até acho quase normal essa sua obsessão por atenção
Sgt. Peppers: normal não, mas compreensível
Sgt. Peppers: mas tem que desvincular sua vida da vida dos outros.
Sgt. Peppers: o Itaú pensa
Sgt. Peppers: "quero ser o mais lucrativo do pais"
Sgt. Peppers: ele está pouco se fudendo se o banco real é o mais sustentável ou não
Sgt. Peppers: é mas nem sei se eu sei o que to falando
Sgt. Peppers: o que eu tento dizer em palavras simples é
Sgt. Peppers: querer que todo mundo te admire é normal
Putavéia: tô sacando
Putavéia: é isso mesmo que eu tô pensando
Sgt. Peppers: mas não precisa deixar de gostar de ben harper por causa do tipo de gente que gosta
Sgt. Peppers: eu tenho desenvolvido aos poucos um pensamento sobre minha personalidade que é assim ó
Sgt. Peppers: eu sou sozinho no mundo
Sgt. Peppers: melhor
Sgt. Peppers: eu vivo minha vida sozinho
Sgt. Peppers: ninguem pode viver a minha vida por mim
Sgt. Peppers: então como eu faço ou como eu deixo de fazer as coisas só diz respeito a mim
Sgt. Peppers: se eu não tenho ninguem então posso ser de qualquer jeito que não faz diferença
Sgt. Peppers: se eu for aceito, ou se eu não for aceito
Sgt. Peppers: vou continuar sozinho na vida
Sgt. Peppers: então tanto faz
Sgt. Peppers: por isso que eu não me entroso aqui no trabalho

Sgt. Peppers: esses caras podem me amar ou podem me odiar
Sgt. Peppers: não vai mudar nada o que eu faço, o fato de gostar ou não do que eu faço,
Putavéia: esse é o estilo velvet de viver que falei
Sgt. Peppers: então é legal
Putavéia: é desencanado com os outros
Putavéia: o importante é o eu, sem ser egoista cuzão
Putavéia: o lance é que a vida é minha e ninguém vai vivê-la pra mim
Putavéia: tanto nas coisas boas, quanto nas coisas que eu não gosto
Sgt. Peppers: é... e o importante é pensar que ser você mesmo não para ser mais aceito
Sgt. Peppers: mas ser você mesmo porque não importa ser ou não aceito
Sgt. Peppers: não importa mesmo

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Dinheiro bem gasto 12 - Led Zeppelin

Putavéia: meu amigo... estou redescobrindo o Led Zeppelin
Doix: eu também! tinha enjoado, mas tô numa fase muito Led
Putavéia: e tem muito a ver com o que a gente conversou a pouco tempo
Putavéia: que eu estava reaprendendo a viver
Putavéia: dando o devido valor para cada coisa
Doix: envelhecer é meio isso
Doix: parece bobo, mas pensei muito nisso enquanto saboreava vários whiskinhos lá na festa do Burocrata
Doix: que tem coisas que leva tempo pra gente entender
Doix: faz tempo que penso mto nisso
Putavéia: e eu faz tempo que eu penso em um negócio
Putavéia: eu olho pra trás e lembro daquele moleque de 16 anos
Putavéia: que se achava o máximo pq conseguia aprender tudo da escola
Putavéia: e conseguia ensinar pros outros também
Putavéia: e na época eu pensava.... nossa, eu sei muito das coisas, acho difícil crescer mais ainda
Putavéia: aí que mora o engano. O crescer é aprender coisas muito diferentes.
Putavéia: eu era muito bom em biologia, matemática, etc..., mas crescendo vc vai descobrindo outras coisas interessantes, tipo música, pessoas, drogas.
Doix: exatamente!
Putavéia: qdo vc aprender um detalhe maior da mesma coisa, eu acho que é crescer pros lados
Doix: quase todo mundo, principalmente na faculadade (e, creio, daí em diante), tem uma pretensão ridícula de que já sabe tudo
Doix: ou pior: de que tem potencial para saber (entender) tudo.
Doix: quanta ignorância!
Doix: aí, se não entende algo... não tem a humildade pra assumir que ainda não está preparado... então prefere dizer "que não gostou", "que a coisa não presta"....
Doix: pra essas pessoas eu sempre digo (se acho que vale a pena)
Doix: "não tinha coisas que, aos 15, vc não entendia?"
Doix: então como vc não admite que há coisas que vc ainda não entende?
Doix: que só vai entedê-las daqui a anos?
Doix: se é que vai...
Putavéia: é isso mesmo
Putavéia: essa é a postura Socrática que eu tô assumindo agora. "Só sei que nada sei"
Putavéia: deixando aberta a possibilidade de aprendizado, e não imaginando que dificilmente posso amadurecer mais

Doix: sempre
Putavéia: um dia, com 80 anos ainda vou falar...
Putavéia: o que se sabe da vida antes dos 80 para se escrever um Livro?
Putavéia: bem Saramago
Doix: pode crer...
Putavéia: e também falta humildade pra gente dizer que não entendeu um negócio
Putavéia: meio que não podemos assumir que não sabemos de tudo... que isso é sinal de fraqueza
Doix: nós, que fizemos usp!
Putavéia: eu já penso o contrário... é sinal de coragem dizer que não sabe uma determinada coisa
Doix: claro!
Putavéia: mas não sei se é só pra USP
Doix: tô ironizando...
Putavéia: ah tá. burro eu
Doix: é, burro