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sexta-feira, janeiro 26, 2007

Chupinhada de um show má-lê-má - Mutantes no Ipiranga

Bom galera, nada melhor pra uma manhã de sexta-feira, véspera de 25 dias de férias, do que um copy/paste da internet.
50 mil pessoas (ou simplesmente "mar-de-gente") no parque do Ipiranga, o quintal do antigo imperador. Segundo o Capa, onde D. Pedro I ia fumar um.

Os Mutantes reúnem 50 mil no aniversário de SP e chamam Lula de "el grande banana"
MARCELO NEGROMONTE
Editor de UOL Música

Cerca de 50 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, não pagaram nada para assistir nesta quinta (25) ao memorável retorno aos palcos brasileiros da banda paulistana Os Mutantes, que não se apresentava no país havia quase 30 anos. O evento, que também incluiu shows da Nação Zumbi e de Tom Zé, foi realizado no parque da Independência, em São Paulo, e promovido pela prefeitura para celebrar os 453 anos da cidade.
Com os originais Arnaldo Baptista (teclado), Sérgio Dias (guitarra) e Dinho Leme (bateria), mais a cantora Zélia Duncan, no lugar de Rita Lee, e o baixista Vinícius Junqueira, na posição que foi de Liminha, Os Mutantes trouxeram psicodelia atemporal, uma breve e clara crítica ao presidente Lula, além de rock, muito rock, durante as duas horas de espetáculo. Se a banda, formada no final dos anos 60, estava então à frente do seu tempo, hoje ela é atualíssima.
O show teve um começo triunfal. Zélia, Arnaldo, Sérgio e Dinho desceram as escadarias do Monumento à Independência e caminharam até o palco. Sérgio estava vestido como d. Pedro 1º (aliás, com a roupa e a espada que o imperador usava quando da proclamação da independência do Brasil na imagem imortalizada no quadro de François-René Moreau), Arnaldo usava batina e crucifixo, alusão ao padre José de Anchieta, um dos fundadores de São Paulo, e Zélia, com uma coroa de flores na cabeça e "look de Glória Coelho", trazia um pequeno bolo com a bandeira de SP encravada. E Dinho estava vagamente caracterizado de bandeirante. Fogos explodiram no céu.
O público ocupava todo o parque da Independência até as escadarias do museu do Ipiranga, do lado oposto ao palco. Antes da primeira música, "Don Quixote", Arnaldo tirou o traje religioso e exibiu uma camiseta com a caveira-símbolo do estilista Alexandre Herchcovitch. Foram os primeiros aplausos para ele, que sempre respondia à manifestação com caretas e trejeitos infantis durante a apresentação.
O repertório do show --e a ordem das músicas-- é o mesmo apresentado no Barbican Theatre, em Londres, em maio de 2006, exceto pela inclusão de "Qualquer Bobagem" e a versão em português de músicas cantadas lá em inglês. Esse espetáculo foi o primeiríssimo retorno da banda aos palcos cujo registro foi lançado em CD e DVD em dezembro passado.
Bem mais desenvoltos do que no show britânico, especialmente Zélia e Sérgio, Os Mutantes convidaram Tom Zé, que tinha feito o show anterior da noite, para cantar duas músicas: "Dois Mil e Um", composição dele com Rita Lee, e a citada "Qualquer Bobagem", outra parceria de Tom Zé com o grupo e cuja versão mais conhecida é a da banda mineira Pato Fu.
A voz de Tom Zé, que vestia uma espécie de parangolé com botões de aparelhos eletrônicos e um disco de vinil, só apareceu no quarto final do rock rural-futurista "Dois Mil e Um" devido a problemas no microfone. Em "Qualquer Bobagem", em que cantou com Arnaldo Baptista, tudo parecia desencontrado. Apesar disso, a presença de Tom Zé no palco desse show era uma festa.
Zélia, que não é Rita Lee e não fez papel de "frontwoman", estava à larga na pesada "Top Top" e na sempre linda "Baby", com boas desenvoltura no palco e colocação da sua voz grave. Como disse Arnaldo ao UOL, "Os Mutantes eram muito banana com Rita; com Zélia é mais Led Zeppelin". "Rock and roooll!", diria Ozzy Osbourne, o equivalente a Arnaldo no espectro "ando meio desligado" do pop.
E o rock veio com tudo em "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer (Cabeludo Patriota)", numa ótima versão quase heavy metal, em "Bat Macumba", o samba mais rock do Brasil, e "Minha Menina", com as distorções originais, além de "Top Top" e sua surpreendente fúria.

"Lulacito, el grande banana"
Igualmente à vontade, Sérgio Dias, que demonstra certa megalomania e parece ter se apropriado de vez dos Mutantes --logo ele, que era o "moleque" da formação original e que deu cara progressiva nos últimos anos da banda em meados dos anos 70--, solou diversas vezes com sua incrível guitarra Regulus (construída pelo irmão Cláudio nos anos 60 e que subiu ao palco pela primeira vez justamente no show londrino do ano passado). O som que sai dela é único, com seus botões e pedais pitorescos, que chegam a emular o barulho de um motor de automóvel, como em "Bat Macumba". Ele era o líder e maestro.
E foi também a voz da banda na crítica que fez ao presidente Lula no cha-cha-cha "El Justiciero", na qual o chamou de "Lulacito, el grande banana" (como Rita Lee?), o que provocou aplausos inerciais e algumas vaias, todos abafados pela continuação da música, que também teve citação pouco elogiosa ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O prefeito de SP, Gilberto Kassab (xingado por parte do público antes de o show começar), ouviu tudo da área vip.
Depois do bis de praxe, com "Bat Macumba" e "Panis et Circensis", a banda voltou novamente ao palco para cantar mais uma vez "Balada do Louco", o que não estava programado ("eu juro que é melhor não ser o normal"...). Foi ovacionada.
Pois bem. Os Mutantes voltaram. Como se o rock psicodélico brasileiro estivesse intacto, porém vivo. Eles farão shows em algumas cidades do país (o próximo é no Rio, dia 3) e no exterior na seqüência. A questão é se essa "volta" vai ser breve e, então, uma aposentadoria geral e irrestrita será o futuro ou se haverá novas e boas canções dos Mutantes do século 21. Se nenhum desses cenários se realizar, desculpe, babe, o público não vai mais ficar com vocês, porque o que é memorável hoje pode facilmente se tornar uma piada.

8 Comentários:

  • Às 10:11 AM , Blogger Puta Véia disse...

    Bom, esse show foi estranho... estranho pra ruim. Muito Burocrático pro meu gosto, pareciam que eles estavam lá tocando pela obrigação do show, não pela diversão.
    Zélia Duncan é uma estranha no ninho, perdida em palco e cantando como mais uma cantora de barzinho de SP. Pra vcs terem uma idéia, em Tecnicolor, quem canta o refrão (que é bem agudo) é a backing vocal, uma gostosinha com gritinhos adolescentes a lá Britney Spears.
    Faltava bastante entrosamento entre eles, o que dava pra ver em uma dos vários erros de sincronia. O som também não era lá muito bom, com o baixo muitos mais alto que a guitarra do Sergio Dias, o porra-louca que virou certinho.
    O Arnaldo Baptista era o único ainda um pouco Mutantes, mas fritou demais já. Tava alegre, mas muito carinha de vovô-gagá.
    O repertório foi também pra mostrar um pouco como os caras são cultos-hypes, já que rolaram quase todas as músicas em não-português (Tecnicolor, El Justiceiro, Le Premier Bonheur du Jour, e Ando Meio Desligado em inglês).
    E o tanto de tribos que tinham lá?!?! Tinha muitos hippies, muito mesmos, uma galera metaleira?!?! e um povo EMO... meio surreal pra um show de rock-psicodélico. Sei lá, acho que foi a combinação de estar sozinho (sem minha muié) e com a esperança de ver os Mutantes da déc. 70, muito mais alegres e loucos, mas não curti o show não.

     
  • Às 2:38 PM , Anonymous Anônimo disse...

    Bandas saudosistas são assim. Tudo meio deslocado. Tudo meio anacrônico... e certamente descaracterizado, pelo público, pelo som, pela proposta, pelo clima do show. Na realidade, a sorte de alguns caras foi ter morrido cedo. Ou alguém acha que o Jim Morrison ia continuar fazendo aquelas loucuras por muito tempo? Aposto que ele cairia no esquecimento (como de fato caiu) e só voltou a ser algo cult por conta do filme do Oliver Stone. Ele teria se matado antes do infarto ou da cirrose.
    Mas acima de tudo, nada pior do que uma banda sem entrosamento. Isso pra mim é falta de profissionalismo.

     
  • Às 6:58 PM , Blogger Burocrata disse...

    Poxa, eu vi umas músicas do show de Londres e achei animal, trimbargem fidelissíma ao original e tudo mais. Lógico que é uma coisa saudosista, não é igual a época etc, mas a proposta é essa mesma: matar a lombriga dos fãs de ver a banda ao vivo. E além do mais achei a escolha das bandas a coia mais linda do mundo em se tratando de aniversário de SP, não há banda mais paulista que os Mutantes e baiano mais paulista que o Tom Zé, banho de bom gosto! Eles podiam ter enfiado uma merda de Ivete Sangalo ou Kalipso pra tocar não é? Mas não chamaram os Mutantes, pra mim já merece aplausos! SP impondo sua cara!

     
  • Às 9:30 PM , Anonymous Anônimo disse...

    Sei lá... nunca concebi nada mais paulistano do que Demônios da Garoa. Mas aí, desvirtua a coisa.

     
  • Às 2:28 PM , Blogger jan disse...

    Respondendo ao seu comentário no meu blog, sobre o show de terça do Ben Harper...

    Na boa, se eu tivesse grana eu iria a Salvador tendo gostado ou não do q vi em SP. Vale a pena!!!

    :*

     
  • Às 2:28 PM , Blogger jan disse...

    Respondendo ao seu comentário no meu blog, sobre o show de terça do Ben Harper...

    Na boa, se eu tivesse grana eu iria a Salvador tendo gostado ou não do q vi em SP. Vale a pena!!!

    :*

     
  • Às 2:28 PM , Blogger jan disse...

    Este comentário foi removido por um administrador do blog.

     
  • Às 7:21 PM , Blogger Burocrata disse...

    Boa. Demonios é muito paulistano também.

     

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