Faça-me o Favor!

Não nos responsabilizamos por mudanças súbidas de humor ou apetite, ofenças pessoais ou sentimentos inibidos que aflorem de quem por descuido venha a ler isso aqui. Queremos que tudo se exploda e não queremos explodir juntos. Não estamos aqui para sermos atacados, somos nos que atacamos. Ficamos em cima do muro mesmo, atirando pedra em quem passar em baixo, independente do lado.

terça-feira, outubro 30, 2007

Epifania!!!

Seguindo a linha da PV de quais bandas estão em voga nos nossos players, ressuscitei uma idéia que há muito passeia em conversas com os chegados.
Rapidamente a idéia era fazer um churrasco em que cada convidado levaria cinco discos que mudaram sua vida. Todos colocariam seus discos, todo mundo ia ouvir a anedota e ao longo da brincadeira, haveria um pc e um tubo de cds pra que todos pudessem fazer uma cópia do que fosse do seu interesse.
Ironicamente, todos os caras que achavam a idéia boa não estão mais por perto (por muitos motivos) e com o advento dos downloads desenfrados e quase sem critério, a coisa ficou banal. Mas pensando no lado estético da coisa, aqui vão os cinco discos que mudaram minha vida de alguma forma. Em itálico, a época da epifania.

1. Deep Purple - Made In Japan (1973) circa 1992
Eu já conhecia o Purple e era apaixonado pela sonoridade dos caras. Mas ouvir esse disco foi mágico por que aquilo sim era uma banda de verdade. Improvisação, peso, técnica e fúria!!! Vai tocar assim na casa do caralho!!! Como Blackmore tirava aquele som de uma Strato??? Como o Gillan podia gritar tão alto, manter a afinação e continuar cantando? Como o Ian Paice não se perdia naquelas viradas insanas da bateria?? Como o Jon Lord conseguia colocar tantas notas entre um "dó" e um "ré"??? Era o fim do mundo!!! Notas para Lazy e Black Night... a primeira forrada de coisas diferentes em relação à original; a segunda é a versão definitiva. Qualquer outra tentativa, deles mesmos inclusive, não resvala nem de perto o que aconteceu naquele dia em Osaka, 1972!!! Regularmente revisito esse álbum.

2. The Who - Live At Leeds (1970) circa 1995
A primeira vez a gente nunca esquece... e ouvir o Who pela primeira vez, assim a palo seco foi foda!!! Sem aquela chatice de Opera Rock, esse disco traz canções soltas de singles e discos que não foram pra frente. Os caras estavam querendo fazer um album ao vivo depois da aporrinhação de Woodstock (que segundo Pete Towshend, foi um fiasco) e voltaram pra casa. Procuraram lugares mas nenhum comportava o equipamento de gravação disponível na época - um caminhão! Conseguiram se meter no refeitório da Universidade de Leeds e com uma qualidade de som incomum pra época, desceram o cacete. Como o show foi durante o dia (pois alguma lei na época não permitia que esses concertos passassem das 20hs) não deu tempo dos caras se drogarem... e foi só música. Destaques pra Heaven & Hell e Spoonful... foi meu primeiro vislumbre de como um baixista macho põe ordem numa banda caótica!!! E essa foi a epifania... o contrabaixo!!!

3. Jethro Tull - Minstrell In The Gallery (1975) circa 1996
Sabe aquela história de gravar disco com orquestra na mtv??? Joga tudo no lixo. No mínimo. Esse disco não tem nenhuma semelhança com nenhum disco dos caras. É único em proposta, em harmonia e estrutura. Dificílimo, mas espetacular. Não visualizava hard rock, pesado, com orquestra e passagens tão marcantes. E não dá pra desmanchar as trilhas, a coisa tem um blend fantástico onde a banda e a orquestra não se dissociam. Não parece uma colagem como qualquer coisa da mtv... não é um enxerto pra ficar bonitinho. É necessário pro andamento da música. É necessário pro conceito e pra estética da música. E também, não dá pra parar de ouvir o disco por que sempre fica a pergunta "o que vem agora???". Eles nunca tocaram esse álbum na íntegra e o pouco que tocaram foi somente na turnê do mesmo. E as versões que surgiram depois têm o mérito de não tentar parecer o original.

4. Black Sabbath - Vol.4 (1973) circa 1993
Você sabe o que é um riff? Pois é, precisei ouvir Sabbath pra saber o que era isso. E tudo começa com Wheels Of Confusion. Que vontade de depredar a sala de casa!!! Não era pra sobrar nada... quem diria que anos depois eu acabaria com meu fígado quando estivesse ouvindo isso. Os riffs poderosos, um vislumbre do que seria a trilha sonora do Armagedon. Eu já conhecia coisas ditas "mais pesadas" e esse disco mudou minha vida por que eu descobri que peso não significa mais distorção ou mais berros ou uma bateria a quinhentos por hora. Era o senso de colocação, a cadência... e uma raiva mal-contida que aparece aqui e ali. Ah, como esquecer daquela capa estranha, com uma dedicatória à "The COKE-cola company of Los Angeles"... e quem nunca pensou no assunto, que atire a primeira pedra!!!

5. Crosby, Stills & Nash - CSN (1969) circa 1998
Acho que poucas vezes eu fiquei tanto tempo ouvindo um álbum no repeat tanto tempo e tão sem saber o que fazer, tão desarmado. Não há absolutamente nada de incrível nesses três caras, exceto o fato de que as vozes deles se misturam de uma forma que não dá pra desmembrar. Ouvi muita coisa deles em carreira solo ou dois a dois e é manco. Mais do que isso, "xôxo". As linhas são singelas e a construção das músicas baseada em acordes. Não pode ser mais simples. E isso desconstruiu todo um universo que eu vinha construindo com afinco e dedicação na guitarra, amplamente baseado na técnica. Quem que toca nunca quis fazer um milhão de notas por segundo, alavancadas e harmônicos? Mesmo quem aprecia jazz e blues tem uma quedinha pelas complicações. Mas aqui não. É outra coisa. E me lembra a frase de um conhecido que largou tudo pra ser músico e hoje é cravista OSESP. "Bicho, cê pode pegar a música mais complicada, mais cabeluda, que uma hora cê consegue sacar a pegadinha e depois disso, toda vez que ouvir a música, vaio ver os compassos passando na sua frente. Perde a graça. Agora, quando uma música simples, que não tem o que desmontar e nem analisar, te pega de jeito, aí sim estamos falando da essência da experiência musical. E essa música jamais perderá a graça". Não tenho o que acrescentar.

Àlbuns simples, da adolescência, mas que eu ouço frequentemte e mesmo sendo muito crítico, ou ouvindo como músic, não cnosigo deixar de pensar na qualidade deles. Mas podemos fazer uma nova série com albuns que marcaram depois de crescidinhos... e a coisa certamente muda de figura...

PS: Se alguém quiser algum desses albuns, dá um toque que eu penduro por aí e mando o link, ok???

sexta-feira, outubro 26, 2007

Dinheiro é bom e eu gosto

Bom, hoje foi um dia histórico pra economia brasileira. Hoje, a Bovespa, maior bolsa do país (que diga-se de passagem é uma empresa privada) abriu se capital com a criação da Bovespa Holding, nova proprietária da Bolsa de Valores.
E histórico pra mim, que me toquei de 2 coisas. Com essa abertura da bolsa, eu comprei e vendi ações dela e ganhei R$ 5 mil hoje, só fazendo 2 operações.
E o que isso é importante além de parecer que eu só estou me gabando? Pq não tem nada pra se gabar, tudo que eu fiz foi seguir o conselho do estagiário novo que contratei, 7 anos mais novo e 5x mais rico por causa da bolsa. O foda é que estou me sentindo um pouco mal por causa disso, e simplesmente vendo o muleke ser competente e eu não conseguir fazer isso me faz me achar um pouco incapaz, coisa que eu detesto ser.
Mas o bom se ver isso foi que só o que eu preciso fazer e tentar domar meus medos, pq na verdade são coisas que eu criei, não que ninguém fez por mim. Não adianta achar que a culpa é do moleque pela sensação que eu estou sentido, o moleque nem tem a mais puta idéia do que eu estou sentindo, e provalvemente não estaria afim de fazer isso. Meus medos são meus e de mais ninguém... outras pessoas podem ter os mesmos medos, mas isso não muda em nada o medo que eu sinto.
Sei lá o que vocês entenderam.

Ah, e a segunda coisa que entendi foi que a base pra todos os medos que sentimos, como medo de cobra, de ficar miserável, de cancer, é simplesmente pq tenho medo da morte. De algum modo o medo da morte está ligado com algum medo que vc tenha. Medo de altura?!?!?! medo de cair e morrer, isso sim.
Medo de ficar pobre?!!? É pq vc tem medo de ficar pobre e morrer mais fácil, sem comida direito, sem plano de saúde... sem a segurança classe-média que tanto sonhamos. Medo de escuro?!?!? Certeza que quando criança vc assistiu algum filme de terror em que a noite vinham os monstros e matavam todos.
Medo de ficar sozinho?!?!? Esse ainda eu não consegui relacionar ainda, mas sei que é um dos maiores medos que tenho. Por isso sou tão simples, tão fechado, tão eu.

quinta-feira, outubro 25, 2007

As melhores para o ouvido

As 12 bandas que mais curto atualmente, em ordem alfabética

Beatles
Ben Harper (antes de ficar velho-babão amigo do Jack Jonhson)
Bob Marley
David Bowie
Eagles of Death Metal
Funkadelic
Jimi Hendrix
Jorge Ben
Led Zeppelin
Mutantes
Queens of The Stone Age
The Brian Jonestown Massacre

quarta-feira, outubro 24, 2007

Trecho

"Faça o que fizer, poedria muito bem fazer outra coisa. Não é isso que importa. Importa é saber-se livre como qualquer outro elemento da criação. Importa é saber-se um fim autônomo, que repousa em si mesmo como uma pedra sobre a areia"

(In "A nossa necessidade de consolo é impossível de satisfazer" - Stig Dagerman)

segunda-feira, outubro 22, 2007

Verdade boa é sempre boa

Pois é criançada, está confirmado que dia 28/11, Eagles of Death Metal vai tocar em São Paulo... e o melhor, no Clash. Pra quem não sabe, o EODM é uma das bandas mais lokas da atualidade, seja musicalmente ou visualmente (não tem como negar que só tem nego estranho nela). Um vocalista estranho (só vendo pra entender), um guitarrista tiozão rock e um baixista estilão coveiro formam a banda, e alguns convidados.
Agraceçam a mais um braço cultural de uma mega-corporação capitalista, o Motomix.



Pra quem não sabe ainda, o Eagles também o é projeto paralelo do Josh Homme, guitarrista/vocalista do Queens of The Stone Age, a melhor banda a atualidade. Nessa banda, o cara é o baterista.

Pra quem continua sem entender porra nenhuma, essa banda também é um projeto paralelo do Dave Grohl, hj vocalista do Foo Fighters e ex-baterista (e o cara deve detestar sem lembrado como) do Nirvana. Dave já fez uma turne com a banda como guitarrista.

Nesse show brasileiro, dificilmente algum desses 2 virão.

Pra quem não entendeu e esta afim de conhecer (o que sugiro deveras), o youtube é bem rico em opções. O clip abaixo é um dos mais nada-a-ver legal que eu já vi. Com a presença de Jack Black (outro que parece só ter amigo loki)
http://www.youtube.com/watch?v=xe6p-5tUh3M


Pra quem curte ao vivo, vale o show abaixo. O que o pó não faz!?!?!?
http://www.youtube.com/watch?v=C4dZS9gahlU


E o melhor, na semana do meu aniversário!!

sexta-feira, outubro 19, 2007

BOM FINAL DE SEMANA




segunda-feira, outubro 15, 2007

Torre de Controle

Não sei se falo isso por falar, mas penso: não preciso de nada ou ninguém. E deixem-me cá, ora essa!! Para que a exposição aos outros?? Adoro minha bolha - de quando em quando. E me reservo o direito ao silêncio, à experimentação do sumiço, aos meus demônios menores e não tão insidiosos. Sou única. Sou simples. Sou foda. “Sou minha, só minha, e não de quem quiser”. Tenho comigo todas as ferramentas e alicerces. Tenho aqui meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão. Duas mãos e o sentimento do mundo? Balela!! Quando muito meus sentimentos e ainda assim não revelados, mesmo quando em latência. Dane-se a corja de bufões!! Sonoridade silenciosa dos dias de clausura voluntária... quando as idéias se juntam em intenções para mais tarde ganharem peso e corpo de atitude!! Gosto do autismo deliberado e fico bem em companhia da solidão. Tão (tão) diversa da angústia de multidões!!! E ao raiar desta segunda-feira, transito por obrigações morais e sociais, mas notem, embriagada de mim mesma e crente de seguranças. Não há qualquer sinal de ressaca derivada deste embriagar, pelo contrário, é doce e selvagem como uma fruta dos trópicos e é maravilhoso sentir. Mas não me tragam explicações absurdas, por favor. Não inventem signos pras palavras que cuspo nessas linhas. Estou dizendo o que estou a dizer: sou minha pior inimiga... sou minha melhor amiga.

terça-feira, outubro 09, 2007

Essa vale a pena

Achei via Malvados um ilustrador espanhol muito foda. O cara tem o dom de detalhar muito bem o momento, simplesmente isso.


segunda-feira, outubro 08, 2007

Fluxo de Pensamento da Semana


“Todo espírito profundo tem necessidade de uma máscara; direi mais: uma máscara se forma sem cessar em volta de todo espírito profundo, porque cada uma de suas palavras, cada um de seus atos, cada uma de suas manifestações é continuamente objeto de uma interpretação falsa, isto é, rasa.” (F. Nietzsche – Além do bem e do mal)

E essa dor que grita e sangra, feito vulcão em atividade, mas não mancha ou deixa cicatriz de espécie alguma? Tenho uma espada na garganta e sal no estômago, o que talvez explique porque não sou passível de compreensão. Ou ainda, tantas vezes sou inconstante a ponto de sentir que um sopro me leva do céu ao inferno, num tempo insignificantemente mínimo, e por lá permaneço, sem possibilidade de salvação ou resgate imediato - ou mesmo intermediário. E é nessas horas que não me entendem, mesmo quando estou revelada e limpa, recém lavada de chuva.

Por que esta sensação nunca me abandona? E este vazio que vem até mesmo em momentos que estou tão inteira e convencida? Realizada? Qual o porquê de desligar os sentidos e pensamentos, quando acho estar ainda ideal e receptiva? Isso traz a solidão, mesmo acompanhada, e dormir não alivia o peso contido em minhas pálpebras. Por vezes chego a sentir que um colo silencioso poderia salvar um reino que não se sustenta em pernas fortes (troco a presidência da república por um cafuné bem feito?) e um sorriso assume feitio de remédio, ou de oração.

Sou estranha. Às vezes não tenho um átimo de compreensão própria e em outras me sinto plena. Repleta de uma percepção entremeada de radicais sutilezas... Mas notem: nunca entendida! Afinal, para que serve mesmo ser entendido? Por que esta necessidade de ser vista em última instância de existência? Não preciso ser conhecida e tão pouco servir de adorno ou santo de oratório. Ser vista é, neste caso, especificamente, ser entendida e revelada: é romper com esta máscara transparente que se fez em mim, involuntariamente.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Moro, num país tropical. Abençoado por Deus e bonito por natureza

Mas que beleza!!!! O melhor jeito de sabermos se estamos bem ou mal é escutar as criticas externas, pq as internas tem sempre um teor de proteção ou uma exculambação adicional. O cenário internacional é sempre um pouco mais neutro que os caciques tupiniquins.

'Novo acidente aéreo no Brasil é questão de tempo', diz entidade internacional
04/10 - 06:14 - BBC Brasil

O presidente da Federação Internacional de Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca), Marc Baumgartner, afirma que ''é uma questão de tempo para que um novo acidente aéreo volte a acontecer no Brasil''. Sua opinião é compartilhada por outros dirigentes da entidade.

''A FAB (Força Aérea Brasileira) investiu muita energia para prender e perseguir os seus próprios funcionários. Mas nenhuma energia para corrigir as falhas que possui em seu sistema (aéreo)'', diz Baumgartner.
Os membros da diretoria da organização estão participando de uma semana de reuniões em Washington, onde conversaram com a reportagem da BBC Brasil. A situação dos controladores e os problemas do setor aéreo brasileiro deverão estar entre os temas debatidos pelos executivos.
De acordo com o suíço Baumgartner, a Força Aérea Brasileira (FAB) está atribuindo aos controladores toda a responsabilidade pelo acidente com o Boeing da Gol, que caiu em Mato Grosso em setembro do ano passado, matando 154 pessoas, depois de se chocar com um jato Legacy.
Ele afirma que, além de agir dessa forma de modo a se eximir de sua própria responsabilidade, as autoridades brasileiras priorizaram a punição dos controladores em detrimento das ações que poderiam prevenir novos acidentes.

Inquérito
Um Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado pela FAB na semana passada, indiciou cinco controladores, todos eles militares, por supostos erros que teriam levado ao desastre. O relatório aponta 11 erros dos controladores e falhas nos equipamentos que levaram, juntos, ao desastre.
Além da autorização incompleta para a decolagem do Legacy, os operadores teriam cometido uma série de falhas de comunicação. Entre elas, teriam trocado informações incorretas a respeito da altitude em que o Legacy voava e deixado de trocar comunicação com os pilotos do Legacy por um longo período, no qual nem os controladores nem os pilotos observaram os procedimentos necessários.
''Ter a polícia militar investigando um acidente tão complexo como esse é como ir ao cabeleireiro para comprar carne. Não é sério. É absolutamente ultrajante. Se você conta com um sistema militar legal paralelo, a situação só se agrava, porque as regras são diferentes'', afirma o presidente da Ifatca.
O dirigente da entidade de controladores aéreos acrescenta que a gravidade das acusações lançadas no IPM, de que os operadores teriam cometido homicídio culposo, é ''vergonhosa'' e que só está ocorrendo ''porque este não é um setor que seja da competência de um promotor militar''.
O IPM foi acolhido como denúncia pelo Ministério Público Militar, rejeitada pela juíza Zilah Maria Petersen, da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, em Brasília, que a considerou “inepta”, por não especificar as regras de conduta militar violadas pelos controladores.

Sistema falho
De acordo com Baumgartner, o sistema aéreo em vigor no Brasil possui falhas técnicas. ''E isso ficará claro nas conclusões do relatório sobre o acidente. A tecnologia usada em vôos no Brasil conta com uma função técnica que 'decide' em que altura uma aeronave se encontra, mas o sistema não sabe se de fato a aeronave se encontra naquela altura.''
''A área em que o radar vê o avião não é constante. Isso é algo que tem a ver com o tamanho do Brasil, que é um país muito grande, mas também com o tipo de tecnologia utilizada. Tudo isso leva a crer que os controladores aéreos não tinham chance. Eles perderam contato com a aeronave (o jato Legacy) devido a esses problemas sistêmicos. O avião desapareceu do radar. E isso levou à tragédia.''
O presidente da Ifatca diz que estes são elementos que precisam ser alterados e que a investigação ''precisa aprender com os acidentes''.
No entender dos representantes da entidade, outro problema que o Brasil enfrenta é o fato de que os controladores estão sujeitos à Força Aérea. A entidade afirma que a militarização do setor de tráfego aéreo é um anacronismo que vem perdendo adeptos em diferentes partes do mundo. ''Na América do Sul, a Argentina vem debatendo o fim desse sistema, e está em transição para um controle aéreo feito por civis'', diz o presidente.
''O comandante da Força Aérea é, ao mesmo tempo, o controlador do sistema de tráfego aéreo e o responsável por sua auditoria. Se algo dá errado, é ele que irá receber o relatório sobre as falhas que causaram o acidente.''

Conduta
O dirigente acusa ainda a FAB de adotar uma conduta perigosa. ''Eles não fizeram nada para modificar o atual sistema. Pelo contrário, os militares brasileiros agora estão treinando pessoas que não deveriam estar trabalhando como controladores. Eles dizem que pretendem treinar 600 novos operadores e que já contratam 70. É o que nos preocupa. Eles estão pegando controladores militares que não têm as qualificações necessárias.''
Doug Churchill, o vice-presidente da Ifatca e o responsável por temas jurídicos da entidade, diz que a organização fez uma série de recomendações à FAB, mas que os militares brasileiros vêm ignorando quaisquer contatos.
''No Brasil, eles estão buscando um conserto rápido. Querem usar um 'band-aid' para conter um ferimento grave. Avisos de que outros acidentes iriam acontecer foram dados às autoridades brasileiras e, de fato, um aconteceu'', afirma Churchill, em referência ao desastre com o vôo 3054 da TAM, ocorrido no dia 17 de julho e que provocou 199 mortes.
Segundo Baumgartner, o fato de que as autoridades tomaram uma série de medidas de segurança após o acidente e reduziram as funções destinadas aos controladores só prova que as normas de segurança apropriadas não estavam em vigor quando ocorreu o desastre que vitimou 199 pessoas.
O presidente da Ifatca afirma que os membros de sua organização estão dispostos a discutir esses temas com as autoridades brasileiras, mas dificilmente isso aconteceria no Brasil.
''Se as falhas sistêmicas forem corrigidas, nós poderemos voar para o Brasil. Caso contrário, não iremos. Não é seguro ir de avião para lá. É o que recomendo a todos os meus amigos e familiares, que não viajem de avião para o Brasil.''