Testemunho da anormalidade
O tempo passa, as histórias vêm e eu vou entendendo por que não sou normal, e não haveria como ser. Muitas vezes sentia uma certa culpa por ser como era e me escondia um pouco; depois, passei a fazer o contrário e deu mais errado ainda ao me gabar das minhas felicidades. Hoje tento compartilhar os meus pontos de vista com as pessoas com quem convivo. São poucas, e tendo a clara noção da minha personalidade difícil, sinto que realmente gostam de mim.
Fato é que eu vejo pessoas talentosas, inteligentes e com todas as coisas físicas necessárias pra serem felizes, mas não conseguem. Dentre muitos sintomas e muitos problemas vindos de traumas, existe uma coisa que é a que mais me assusta e a que mais me parece descabida, a dificuldade de crescer.
Janis conhece o Nenê. Conversei muito com ela sobre ele. Nenê é uma das pessoas mais expansivas, inteligentes e promissoras que conheço. Não fosse sua teimosia obstinada em manter seu mundo como ele era no tempo dos quinze anos. Vídeo-game, a saia da mãe, almoço com a vovó, e todas as coisas que a PV disse no outro post. Falo do Nenê por que ele é um caso tão caricaturalmente emblemático pra mim, que compreendi muito da minha maneira de ser à partir dele. E o que eu sou?
Minha mãe era aquela que começava a guerra de farinha quando fazíamos bolo; ela que começava a jogar água na gente quando chegávamos da escola na hora do almoço em dias de calor, com uniforme e tudo, ela que mandava a gente tirar os móveis da sala pra brincarmos com mais largueza em dias de chuva e no inverno. Essa aí, minha mãe, é filha de um sujeito que comprou um sítio quando eu nasci, e lá ele me ajudava a fazer espadas de madeira pra brincarmos nos fornos de carvão desativados que eram meus castelos, e que depois passaram a ser os abrigos anti-bomba, com metralhadoras feitas de canos de metal. Dormíamos na Kombi antes de ter casa e comíamos as gororobas mais insanas, sem luz e só um radinho rouco tocando o programa do Zé Bétio a noite toda... tive uma criação de interior, mesmo morando na cidade. E passamos muita dificuldade material.
Fiz tudo o que quis na minha infância. Tudo. Não tinha motivo pra me esconder da realidade em video-games ou nas químicas quando a adolescência chegou. Brigava na rua, batia, apanhava, era ruim de bola que dava medo, o que fez de mim um goleiro até razoável; veio a música, mas eu não queria tocar as músicas que todos tocavam por que não queira atenção. Queria me expressar, e isso geralmente excluía popularidade. Tive maus momentos, principalmente materiais na adolescência. Não me fizeram ter raiva de nada, por que não era culpa de ninguém os desempregos do meu pai além dele mesmo. Não deixei de brigar e me desentendeer com ele, mas não tinha raiva das coisas que aconteciam. Eu sabia que entenderia melhor as coisas.
E foi por sempre tentar entender melhor as coisas (fruto de uma longa conversa com minha mãe que começou na primeira série e não terminou até hoje - sobre Conseqüência) é que eu, num dado momento, me toquei de que só entenderia melhor as coisas se o tempo passasse. Sempre ouvi pregações relacionadas ao passar-do-tempo e o aumento da sabedoria. Não tenho primos de primeiro grau, e não tive muito contato com meus parentes; era muito individualista na escola e não me dava bem com meus amiguinhos (eu os achava muito burros, com poucas exceções). Acabava então vivendo perto de adultos e os ouvia. Podia ser que se os ouvisse, eu não acertaria aquela puta bola dentro - típica da juventude - mas deixavade errar, sem maiores problemas. Por outro lado, se os ouvisse, certamente evitaria desastres - também típicos da juventude. Eu admirava a capacidade de previsão deles, que era quase-mágica. E nessas, acabei gostando de crescer.
Mas toda passagem é dolorosa. E não haveria de ser diferente, mesmo gostando de crescer. As necessidades da vida, as obrigações e as coisas que vc tem que dar conta conforme se compromete com elas... aborrecimentos e as coisas atávicas do mundo desmazelado!!! Mas aí entram as duas coisas que são o cerne desse post: As Conseqüências e a paz consigo.
As Conseqüências são aquelas coisas que acontecem em respostas aos nossos atos. E aos atos de outros. E isso não é óbvio por muito tempo na nossa vida. Os pais da nossa geração, de forma geral, fizeram de tudo pra proteger os seus do mundo e das mazelas dele. Eles foram largados como animais por aí, e tiveram que se virar. Os protegeram demais. Quando os filhos se viram impelidos a assumir suas próprias responsabilidades, as sentiram com um peso que eles não haviam escolhido carregar, o que é verdade!!! Era também o peso do mundo dos seus pais. Por outro lado, os pais, que fizeram o melhor possível, de longe, não fizeram o certo. Ao proteger seus filhos, evitaram que eles vivessem o mundo. Tentaram fazer das crianças aquilo que eles não conseguiram ser. E os cobraram por isso, o que eu acho de longe, o pior de tudo. Não escolhi nascer. Minha mãe sempre disse que por ter consciência disso, não me obrigava ao que eu não quisesse, mas jamais me eximiu de ter que encarar as conseqüências dos meus atos desde muito cedo. Assim, sempre pude fazer tudo o que quisesse, sabendo que responderia por tudo isso.
Daí advém a paz. Tudo o que eu fiz, poderia ter feito de outra forma. Mas como podemos saber como fazer se ninguém nos ensinou? E mesmo que tivesse ensinado, era pela ótica e verdade deles e não pela nossa, qual a vantagem? O resultado eu sei: esse monte de jovem infeliz por que não quer levar uma vida que não escolheu, por que tem uma ótica que carrega a recusa da infância em aceitar o mundo como ele é, mas com crítica para saber que as coisas não precisavam ser assim. Penso que não pode haver agonia maior do que essa. Vejo isso cada vez com mais clareza.
Volto no Nenê. Ele largou uma faculdade na usp e foi, na usp mesmo, fazer psicologia. Está na bica de se formar. Passamos regularmente muito tempo conversando sobre isso. E é muito triste por que de um lado ele enxerga tecnicamente todas as coisas que acontecem com ele e principalmente na sua recusa em crescer, mas não consegue se libertar desse processo crônico de se prender numa ótica que não corresponde mais ao seu lugar no mundo. Sua alegação é que é paradoxal ele ser feliz num mundo que é infeliz. Mas essa infelicidade do mundo dele é a infelicidade que ele enxerga, pela ótica da infelicidade do mundo dele.
Venderam nossos ídolos, venderam nossas ideologias, e mesmo as coisas mais nobres acabaram caindo na mídia pra alimentar o vazio dessa vida doida que se leva. "Se o Diabo veste Prada, eu quero ser John Malkovitch". O trocadilho é irresistível por que mostra as inverdades sedutoras. Mas a realidade é o que é.
Não deixei de sonhar. Não deixei de gostar de Pica-Pau. Mas não deixei de crescer. É inevitável. Os romanos diziam que os fados acompanham aqueles que caminham; os que resistem, eles arrastam. Não é resignação, mas é a compreensão de que o nosso papel na nossa vida sempre muda. Por isso, faça o melhor possível. Não é se resignar, é entender que as coisas serão sempre diferentes. Quanto a ser feliz, quem me conhece sabe o que sou. Sabe das coisas que me emocionam de verdade e sabem dos apertos por que passei. Não quero aplausos, mas aceito críticas. Não quero nada, só continuar seguindo meu caminho, fazendo o que eu gosto e colhendo tudo o que plantei, de cabeça erguida, pois não sou vítima de nada nem de ninguém, só dos meus próprios atos.
E é isso que faz de mim uma pessoa tão anormal.
Fato é que eu vejo pessoas talentosas, inteligentes e com todas as coisas físicas necessárias pra serem felizes, mas não conseguem. Dentre muitos sintomas e muitos problemas vindos de traumas, existe uma coisa que é a que mais me assusta e a que mais me parece descabida, a dificuldade de crescer.
Janis conhece o Nenê. Conversei muito com ela sobre ele. Nenê é uma das pessoas mais expansivas, inteligentes e promissoras que conheço. Não fosse sua teimosia obstinada em manter seu mundo como ele era no tempo dos quinze anos. Vídeo-game, a saia da mãe, almoço com a vovó, e todas as coisas que a PV disse no outro post. Falo do Nenê por que ele é um caso tão caricaturalmente emblemático pra mim, que compreendi muito da minha maneira de ser à partir dele. E o que eu sou?
Minha mãe era aquela que começava a guerra de farinha quando fazíamos bolo; ela que começava a jogar água na gente quando chegávamos da escola na hora do almoço em dias de calor, com uniforme e tudo, ela que mandava a gente tirar os móveis da sala pra brincarmos com mais largueza em dias de chuva e no inverno. Essa aí, minha mãe, é filha de um sujeito que comprou um sítio quando eu nasci, e lá ele me ajudava a fazer espadas de madeira pra brincarmos nos fornos de carvão desativados que eram meus castelos, e que depois passaram a ser os abrigos anti-bomba, com metralhadoras feitas de canos de metal. Dormíamos na Kombi antes de ter casa e comíamos as gororobas mais insanas, sem luz e só um radinho rouco tocando o programa do Zé Bétio a noite toda... tive uma criação de interior, mesmo morando na cidade. E passamos muita dificuldade material.
Fiz tudo o que quis na minha infância. Tudo. Não tinha motivo pra me esconder da realidade em video-games ou nas químicas quando a adolescência chegou. Brigava na rua, batia, apanhava, era ruim de bola que dava medo, o que fez de mim um goleiro até razoável; veio a música, mas eu não queria tocar as músicas que todos tocavam por que não queira atenção. Queria me expressar, e isso geralmente excluía popularidade. Tive maus momentos, principalmente materiais na adolescência. Não me fizeram ter raiva de nada, por que não era culpa de ninguém os desempregos do meu pai além dele mesmo. Não deixei de brigar e me desentendeer com ele, mas não tinha raiva das coisas que aconteciam. Eu sabia que entenderia melhor as coisas.
E foi por sempre tentar entender melhor as coisas (fruto de uma longa conversa com minha mãe que começou na primeira série e não terminou até hoje - sobre Conseqüência) é que eu, num dado momento, me toquei de que só entenderia melhor as coisas se o tempo passasse. Sempre ouvi pregações relacionadas ao passar-do-tempo e o aumento da sabedoria. Não tenho primos de primeiro grau, e não tive muito contato com meus parentes; era muito individualista na escola e não me dava bem com meus amiguinhos (eu os achava muito burros, com poucas exceções). Acabava então vivendo perto de adultos e os ouvia. Podia ser que se os ouvisse, eu não acertaria aquela puta bola dentro - típica da juventude - mas deixavade errar, sem maiores problemas. Por outro lado, se os ouvisse, certamente evitaria desastres - também típicos da juventude. Eu admirava a capacidade de previsão deles, que era quase-mágica. E nessas, acabei gostando de crescer.
Mas toda passagem é dolorosa. E não haveria de ser diferente, mesmo gostando de crescer. As necessidades da vida, as obrigações e as coisas que vc tem que dar conta conforme se compromete com elas... aborrecimentos e as coisas atávicas do mundo desmazelado!!! Mas aí entram as duas coisas que são o cerne desse post: As Conseqüências e a paz consigo.
As Conseqüências são aquelas coisas que acontecem em respostas aos nossos atos. E aos atos de outros. E isso não é óbvio por muito tempo na nossa vida. Os pais da nossa geração, de forma geral, fizeram de tudo pra proteger os seus do mundo e das mazelas dele. Eles foram largados como animais por aí, e tiveram que se virar. Os protegeram demais. Quando os filhos se viram impelidos a assumir suas próprias responsabilidades, as sentiram com um peso que eles não haviam escolhido carregar, o que é verdade!!! Era também o peso do mundo dos seus pais. Por outro lado, os pais, que fizeram o melhor possível, de longe, não fizeram o certo. Ao proteger seus filhos, evitaram que eles vivessem o mundo. Tentaram fazer das crianças aquilo que eles não conseguiram ser. E os cobraram por isso, o que eu acho de longe, o pior de tudo. Não escolhi nascer. Minha mãe sempre disse que por ter consciência disso, não me obrigava ao que eu não quisesse, mas jamais me eximiu de ter que encarar as conseqüências dos meus atos desde muito cedo. Assim, sempre pude fazer tudo o que quisesse, sabendo que responderia por tudo isso.
Daí advém a paz. Tudo o que eu fiz, poderia ter feito de outra forma. Mas como podemos saber como fazer se ninguém nos ensinou? E mesmo que tivesse ensinado, era pela ótica e verdade deles e não pela nossa, qual a vantagem? O resultado eu sei: esse monte de jovem infeliz por que não quer levar uma vida que não escolheu, por que tem uma ótica que carrega a recusa da infância em aceitar o mundo como ele é, mas com crítica para saber que as coisas não precisavam ser assim. Penso que não pode haver agonia maior do que essa. Vejo isso cada vez com mais clareza.
Volto no Nenê. Ele largou uma faculdade na usp e foi, na usp mesmo, fazer psicologia. Está na bica de se formar. Passamos regularmente muito tempo conversando sobre isso. E é muito triste por que de um lado ele enxerga tecnicamente todas as coisas que acontecem com ele e principalmente na sua recusa em crescer, mas não consegue se libertar desse processo crônico de se prender numa ótica que não corresponde mais ao seu lugar no mundo. Sua alegação é que é paradoxal ele ser feliz num mundo que é infeliz. Mas essa infelicidade do mundo dele é a infelicidade que ele enxerga, pela ótica da infelicidade do mundo dele.
Venderam nossos ídolos, venderam nossas ideologias, e mesmo as coisas mais nobres acabaram caindo na mídia pra alimentar o vazio dessa vida doida que se leva. "Se o Diabo veste Prada, eu quero ser John Malkovitch". O trocadilho é irresistível por que mostra as inverdades sedutoras. Mas a realidade é o que é.
Não deixei de sonhar. Não deixei de gostar de Pica-Pau. Mas não deixei de crescer. É inevitável. Os romanos diziam que os fados acompanham aqueles que caminham; os que resistem, eles arrastam. Não é resignação, mas é a compreensão de que o nosso papel na nossa vida sempre muda. Por isso, faça o melhor possível. Não é se resignar, é entender que as coisas serão sempre diferentes. Quanto a ser feliz, quem me conhece sabe o que sou. Sabe das coisas que me emocionam de verdade e sabem dos apertos por que passei. Não quero aplausos, mas aceito críticas. Não quero nada, só continuar seguindo meu caminho, fazendo o que eu gosto e colhendo tudo o que plantei, de cabeça erguida, pois não sou vítima de nada nem de ninguém, só dos meus próprios atos.
E é isso que faz de mim uma pessoa tão anormal.
9 Comentários:
Às 2:55 PM , Anônimo disse...
Crescer... se tem uma coisa que crescer não é, é fácil!!! Não é NADA fácil!!! E creiam-me, até dois anos atrás eu jamais vislumbraria a vida que estou tendo agora pois nela há uma carga de crescimento violenta e assustadora. Noves fora tudo que mudei no trabalho e tudo que mudei com os amigos e comigo mesma (vai chão até você saber quem você é de verdade e colocar essa pessoa no comando pra que ela assuma as rédeas do destino), pra que todos saibam e compreendam, a cartada final está sendo esse mês: estou saindo da casa dos meus pais pra encarar a vida sozinha, num apartamento meu.
Eu mesma já fui muito parecida com o Nenê na teimosia obstinada (eu diria dificuldade inerente em encarar o desafio de virar gente grande) mas acho que chega uma hora na vida de todo mundo que você sente que bateu a cabeça no fundo do oceano e precisa tomar uma decisão: ou larga o corpo e deixa a maré te levar, ou nada com braçadas bem fortes e chega numa ilha deserta (onde começa uma nova fase). Seja lá qual for a sua decisão, você a terá que tomar sozinho e será senhor de sua escolha: não há quem culpar ou porque reclamar. Consequencias.
O que acaba acontecendo é que é muito difícil quando a gente já entendeu e estruturou tudo isso internamente mas vê que alguns queridos ainda estão nadando com dificuldade. Só que em nada podemos ajudar, nem sequer jogar um colete salva-vidas. É-se feliz também pela dificuldade das braçadas!!! Serotonina pura!!!
A paz vem da responsabilidade pela nossa própria vida, de saber que o culpado por tudo aquilo que vc está passando é vc mesmo e que se isso te incomoda, é vc (mais uma vez) que precisa mudar. Nada de blasfemar contra o sistema ou contra as pessoas!!! A minha paz veio (e continua vindo) aos pouquinhos, mas sempre que chega se instala confortavelmente na poltrona do sofá e só sai de lá pra buscar mais pipoca.
A fase de transição do adolescente pro adulto é mesmo terrível: nós ainda queremos viajar e conhecer o mundo, explorar lugares, experimentar culinárias diferentes, comunicar-se em idiomas que nem imagina existir, quem sabe até morar fora, lavar pratos, não ter responsabilidade nenhuma a não ser ganhar o suficiente pra próxima refeição. Por outro lado, queremos investir na nossa carreira, abrir uma empresa, ser reconhecidos no mercado, escrever um livro, fazer mestrado e doutorado. Nós ainda queremos pensar que ninguém depende da nossa decisão. Que se não aparecermos, o máximo que vai acontecer é ligarmos pra pedir desculpas no dia seguinte. Que se não agüentarmos, podemos largar tudo e ir pra praia passar o final de semana pra relaxar. Que se tivermos insônia, só vamos ter que agüentar o trabalho com sono no dia seguinte, e mais nada. Queremos uma liberdade quase irresponsável e sem consequencias. Só que não é assim que a banda toca!!! No mais, naqueles dias frios queremos que dependam de nós. Queremos que tenha alguém que peça cafuné porque está triste. Queremos que tenha alguém com quem planejar férias com antecedência. E, algumas vezes, queremos até que existam umas mãozinhas gorduchas e pequeninas estendidas pra cima e que só parem de chorar no nosso colo. Mas isso aqui já faz parte de uma OUTRA discussão!!
Palmas para Armless... força pra Puta Velha!!!
Às 2:53 PM , Puta Véia disse...
Caraleo, como é bom ser contrariado com tamanha propriedade!!!! Sem a ironia que isso possa parecer, mas é muito bom mesmo ver o quanto somos diferentes, principalmente no que trata um jovem que teve sua infancia regada de liberdade de escolha comparado um um que teve uma infacia regada de cobranças.
Agora vejo que minha "sindrome de peter pan" é muito derivada de um buraco de liberdade infantil, e de algum jeito, aquela infancia que tive não foi a minha, foi a de alguem que quizeram que existisse, e que somente existiu por isso.
Não fui eu, simplesmente isso.
Mas meu terapeuta já me disse pra desencanar disso de preencher buracos do passado... isso é impossível pq o buraco está preso no tempo, e nenhum "revival" que eu tente será igual a ter feito aquilo na data.
Fiquei bem feliz de ver como foi a boa infancia de nosso amigo s/ braços. Fiquei mesmo.
Às 1:14 AM , Burocrata disse...
quero comentar com mais tempo, esperem.
Às 3:39 PM , Burocrata disse...
Ja li e reli este texto um monte de vezes e acho que a unica coisa que posso falar é que compartilho da opiniao da PV, estou feliz de saber que sua infancia foi tao saudavel, isso vale mais do que qualquer coisa material que vc por ventura nao tenha tido.
Às 7:00 PM , Puta Véia disse...
Acho que essa é uma questão que, sem menosprezar a capacidade de empatia de nossos amigos, somente o burocrata pode me entender. Só quem deve a criação controladora interiorana de classe média pode ver sentir todas as mazelas, os descontentamentos, os medos, e as vezes a raiva de você mesmo pelo o que você é... e vc saber que aquilo vem exclusivamente da sua criação. E Você vê que talvez um pouco mais de liberdade como nosso armless teve, um pouco mais de controle familiar, teria feito você uma pessoa menos problemática.
Inveja também, mas estou feliz de ver que a vida de nosso amigo foi tão livre. Simplesmente livre.
Às 11:34 AM , Anônimo disse...
Agradeço as felicitações. Mas elas não deviam ser pra mim. Deviam ser pros meus pais.
Paralelamente, eu penso que as histórias das nossas vidas podem mostrar outros lados. Outras possibilidades. Ninguém comentou nada de negativo, mas digo que essa criação me fez excessivamente independente, e portanto, tenho grande dificuldade pra trabalhar em grupo; sofro de uma insubordinação terrível e não consigo respeitar superiores só pela hierarquia simples; sempre acho que dá pra mandar as coisas às favas se vc não tiver o rabo preso, e portanto, nunca prenda seu rabo. Enfim, essas liberdades funcionam plenamente daqui pra dentro, mas daqui pra fora, minha adaptação com o mundo sempre foi bastante difícil, principalmente com relacionamentos humanos. Que dirá, chefes e "autoridades". Ainda apanho bastante da minha língua, dos meus hábitos e de buscar essencialmente a verdade. No geral, não se lida bem com ela. Como sou o lado mais fraco da história, ou me conformo em viver marginalmente (em alguns aspectos) ou engulo algumas coisas que me são conveninetes engolir. Mas isso entra no escopo de se viver em sociedade. E não sei como não sou um sociopata... ou sou??? Tem gente que acha que sim. Vcs conhecem histórias sobre meus surtos de sociopatia... e elas acontecemd e quando em vez...:o)
Às 1:48 PM , Anônimo disse...
O que te faz diferente dos demais (e admirável pelos convivas) é a clareza na análise pessoal, seja pra elogiar ou cobrir de porrada a si mesmo. Isso tudo pra não dizer que vc ACREDITA no que fala, não é?!
Há tempos que compreendi que tudo que nossos pais fizeram de certo ou errado foram tentativas de felicidades pro nosso futuro, mesmo que tenham errado feio: uns soltando a linha da pipa, outros prendendo suas princesas nas torres dos castelos. E se tivermos a mesma sorte (?) de sermos pais, vamos errar também... e como...
Só espero que meus filhos não me culpem e que tenham dicernimento pra traçarem seus caminhos, sejam estes sociopatas, psicopatas ou medíocres.
Às 6:11 PM , Puta Véia disse...
Tive criação repressora e também não lido bem com hierarquia. Não é tua libertade excessiva que causou isso, mas sim o que vc é. Nesse caso, sei que não lido bem que sou pre-conceituoso demais com gente que julgo ser burra. E acredito ser mais fácil contar quem não considero burra.
E Janis, desencana disso... o ciclo da vida é assim. Os pais sempre deixam 3 coisas pra vida inteira de uma pessoa: O Nome, o DNA e os traumas.
Às 10:54 PM , Anônimo disse...
Alguns deixam dívidas também, PV....
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