Faça-me o Favor!

Não nos responsabilizamos por mudanças súbidas de humor ou apetite, ofenças pessoais ou sentimentos inibidos que aflorem de quem por descuido venha a ler isso aqui. Queremos que tudo se exploda e não queremos explodir juntos. Não estamos aqui para sermos atacados, somos nos que atacamos. Ficamos em cima do muro mesmo, atirando pedra em quem passar em baixo, independente do lado.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Homenagem

Relia este livro notável outro dia desses, Assim Falou Zaratustra, Nietzsche. Por conta dessas coincidências,me apareciam, ainda que indiretamente, pessoas de outros tempos e que não mais perambulam por cá - alguns desses, conhecidos pelos convivas do blog - mas que já não sei mais qual impressão ou idéia conservam deste que vos escreve. Fato é que por conta de acontecimentos outros, mas sob o mesmo mote, me fizeram pensar que mesmo deslocado, a metáfora proposta pelo bigode é válida.

Longamente dormiu Zaratustra, e não somente a aurora passou sobre seu rosto, mas também a manhã toda. Finalmente, seus olhos se abriram: admirado olhou Zaratustra a floresta e o silêncio, e, admirado, olhou a si mesmo. Levantou-se, então, depressa, como um navegador que vê repentinamente terra, e exultou: por que viu uma nova verdade. E assim, então, falou ao seu coração:
Uma luz raiou em mim: de companheiros, eu preciso, e vivos – não de companheiros mortos e cadáveres, que levo comigo aonde quero.
“Preciso, sim, de companheiros vivos, que me sigam por que querem seguir-se a si mesmos – e para onde eu sigo.
Uma luz raiou em mim: não à multidão fale Zaratustra, mas a companheiros! Não deve Zaratustra tornar-se pastor e cão de um rebanho!
Atrair muitos para fora do rebanho – foi para isso que vim. Deverá irar-se comigo a multidão e o rebanho: 'ladrão', quer chamar-se Zaratustra para os pastores.
Pastores, digo eu, mas eles se dizem os bons e os justos. Pastores, digo eu, mas eles se dizem os crentes da verdadeira fé.
Olhai-os, os bons e os justos! A quem odeiam mais que todos? Àquele que parte suas tábuas de valores, o destruidor, o criminoso; – mas esse é o criador.
Companheiros, procura o criador, e não cadáveres; nem, tampouco, rebanhos e crentes. Participantes na criação, procura o criador, que escrevam novos valores em novas tábuas.
Companheiros, procura o criador, e participantes na colheita: por que nele tudo está maduro para a colheita. Mas faltam-lhe as cem foices e, assim, irritado, vai arrancando espigas.
Companheiros, procura o criador, e tais que saibam afiar suas foices. Destruidores, serão chamados, e desprezadores do bem e do mal. Mas são eles que farão a colheita e a festejarão.
Participantes na criação, procura Zaratustra, participantes na colheita e festejadores, procura Zaratustra; que tem ele a ver com pastores, rebanhos e cadáveres!
E tu, meu primeiro companheiro, repousa em paz” Estás bem sepultado em tua árvore oca, estás bem protegido contra os lobos.
Mas separo-me de ti, o tempo acabou. Entre uma aurora e outra, uma nova verdade apareceu-me.
Não pastor, devo ser, nem coveiro. Não quero mais, sequer, falar novamente ao povo; pela última vez falei a um morto.
Quero unir-me aos que criam, que colhem, que festejam; quero mostrar-lhes o arco-íris e todas as escalas do super-homem.
Cantarei minha canção aos que vivem solitários ou em solidão a dois; e quero que, quem ainda tem ouvidos para o que nunca se ouviu, sinta minha ventura oprimir-lhe o coração.
Quero atingir a minha meta, quero seguir o meu caminho; e pularei por cima dos hesitantes e retardatários. Que a minha jornada seja a sua ruína!”
Parte 9 do Prólogo.

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