Homenagem
Relia este livro notável outro dia desses, Assim Falou Zaratustra, Nietzsche. Por conta dessas coincidências,me apareciam, ainda que indiretamente, pessoas de outros tempos e que não mais perambulam por cá - alguns desses, conhecidos pelos convivas do blog - mas que já não sei mais qual impressão ou idéia conservam deste que vos escreve. Fato é que por conta de acontecimentos outros, mas sob o mesmo mote, me fizeram pensar que mesmo deslocado, a metáfora proposta pelo bigode é válida.
Longamente dormiu Zaratustra, e não somente a aurora passou sobre seu rosto, mas também a manhã toda. Finalmente, seus olhos se abriram: admirado olhou Zaratustra a floresta e o silêncio, e, admirado, olhou a si mesmo. Levantou-se, então, depressa, como um navegador que vê repentinamente terra, e exultou: por que viu uma nova verdade. E assim, então, falou ao seu coração:
Uma luz raiou em mim: de companheiros, eu preciso, e vivos – não de companheiros mortos e cadáveres, que levo comigo aonde quero.
“Preciso, sim, de companheiros vivos, que me sigam por que querem seguir-se a si mesmos – e para onde eu sigo.
Uma luz raiou em mim: não à multidão fale Zaratustra, mas a companheiros! Não deve Zaratustra tornar-se pastor e cão de um rebanho!
Atrair muitos para fora do rebanho – foi para isso que vim. Deverá irar-se comigo a multidão e o rebanho: 'ladrão', quer chamar-se Zaratustra para os pastores.
Pastores, digo eu, mas eles se dizem os bons e os justos. Pastores, digo eu, mas eles se dizem os crentes da verdadeira fé.
Olhai-os, os bons e os justos! A quem odeiam mais que todos? Àquele que parte suas tábuas de valores, o destruidor, o criminoso; – mas esse é o criador.
Companheiros, procura o criador, e não cadáveres; nem, tampouco, rebanhos e crentes. Participantes na criação, procura o criador, que escrevam novos valores em novas tábuas.
Companheiros, procura o criador, e participantes na colheita: por que nele tudo está maduro para a colheita. Mas faltam-lhe as cem foices e, assim, irritado, vai arrancando espigas.
Companheiros, procura o criador, e tais que saibam afiar suas foices. Destruidores, serão chamados, e desprezadores do bem e do mal. Mas são eles que farão a colheita e a festejarão.
Participantes na criação, procura Zaratustra, participantes na colheita e festejadores, procura Zaratustra; que tem ele a ver com pastores, rebanhos e cadáveres!
E tu, meu primeiro companheiro, repousa em paz” Estás bem sepultado em tua árvore oca, estás bem protegido contra os lobos.
Mas separo-me de ti, o tempo acabou. Entre uma aurora e outra, uma nova verdade apareceu-me.
Não pastor, devo ser, nem coveiro. Não quero mais, sequer, falar novamente ao povo; pela última vez falei a um morto.
Quero unir-me aos que criam, que colhem, que festejam; quero mostrar-lhes o arco-íris e todas as escalas do super-homem.
Cantarei minha canção aos que vivem solitários ou em solidão a dois; e quero que, quem ainda tem ouvidos para o que nunca se ouviu, sinta minha ventura oprimir-lhe o coração.
Quero atingir a minha meta, quero seguir o meu caminho; e pularei por cima dos hesitantes e retardatários. Que a minha jornada seja a sua ruína!”
Parte 9 do Prólogo.
Longamente dormiu Zaratustra, e não somente a aurora passou sobre seu rosto, mas também a manhã toda. Finalmente, seus olhos se abriram: admirado olhou Zaratustra a floresta e o silêncio, e, admirado, olhou a si mesmo. Levantou-se, então, depressa, como um navegador que vê repentinamente terra, e exultou: por que viu uma nova verdade. E assim, então, falou ao seu coração:
Uma luz raiou em mim: de companheiros, eu preciso, e vivos – não de companheiros mortos e cadáveres, que levo comigo aonde quero.
“Preciso, sim, de companheiros vivos, que me sigam por que querem seguir-se a si mesmos – e para onde eu sigo.
Uma luz raiou em mim: não à multidão fale Zaratustra, mas a companheiros! Não deve Zaratustra tornar-se pastor e cão de um rebanho!
Atrair muitos para fora do rebanho – foi para isso que vim. Deverá irar-se comigo a multidão e o rebanho: 'ladrão', quer chamar-se Zaratustra para os pastores.
Pastores, digo eu, mas eles se dizem os bons e os justos. Pastores, digo eu, mas eles se dizem os crentes da verdadeira fé.
Olhai-os, os bons e os justos! A quem odeiam mais que todos? Àquele que parte suas tábuas de valores, o destruidor, o criminoso; – mas esse é o criador.
Companheiros, procura o criador, e não cadáveres; nem, tampouco, rebanhos e crentes. Participantes na criação, procura o criador, que escrevam novos valores em novas tábuas.
Companheiros, procura o criador, e participantes na colheita: por que nele tudo está maduro para a colheita. Mas faltam-lhe as cem foices e, assim, irritado, vai arrancando espigas.
Companheiros, procura o criador, e tais que saibam afiar suas foices. Destruidores, serão chamados, e desprezadores do bem e do mal. Mas são eles que farão a colheita e a festejarão.
Participantes na criação, procura Zaratustra, participantes na colheita e festejadores, procura Zaratustra; que tem ele a ver com pastores, rebanhos e cadáveres!
E tu, meu primeiro companheiro, repousa em paz” Estás bem sepultado em tua árvore oca, estás bem protegido contra os lobos.
Mas separo-me de ti, o tempo acabou. Entre uma aurora e outra, uma nova verdade apareceu-me.
Não pastor, devo ser, nem coveiro. Não quero mais, sequer, falar novamente ao povo; pela última vez falei a um morto.
Quero unir-me aos que criam, que colhem, que festejam; quero mostrar-lhes o arco-íris e todas as escalas do super-homem.
Cantarei minha canção aos que vivem solitários ou em solidão a dois; e quero que, quem ainda tem ouvidos para o que nunca se ouviu, sinta minha ventura oprimir-lhe o coração.
Quero atingir a minha meta, quero seguir o meu caminho; e pularei por cima dos hesitantes e retardatários. Que a minha jornada seja a sua ruína!”
Parte 9 do Prólogo.
2 Comentários:
Às 10:46 AM , Puta Véia disse...
nunca apanhei tanto de vírgulas.
Às 12:05 PM , Anônimo disse...
Muito boa...:o)
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