Agora fudeu. Não verdade vem fudendo faz tempo, mas agora que doeu.
Durante o almoço desta tarde, com meus companheiros de trabalho da mesma idade, descobri uma nova regra social, antropológica histórica pra ser mais exato.
Vi que as pessoas nascidas no período da decadência da ditadura (lá pelos 1977 a 1982), são muito semelhantes em um aspecto: Revoltados por se achar subaproveitado, mas medrosos em arriscar novos vôos. Em suma, infelizes apáticos. Um amigo meu definiu esse tipo de pessoa como Futureless Junkies, e acho que está coberto de razão.
Nascemos no início da era tecnológica, e crescemos estimulando nossos neunôrios com muito video-game, desenhos animados e Lego, nos trasformando, desde criança, em potenciais alguma coisa. Mas ao mesmo tempo, passamos nossa adolescencia junto ao um período politicamente confuso, com jovem mais velhos que a gente fazendo passeadas de cara pintada contra o Collor... coisa de gente velha adorou. Mas os fudemos mesmo pq, próximos de nossos 15 anos, quando as cocotinhas gostosas da nossa classe de aula se preparavam para a festa de debutante, sonhando com um principe encantado e acabando a festa disvirginadas pelo namorado mais velho, sofremos o impacto inicial da globalização, e vimos que nossos carros são realmente carroças, que os EUA é um pais super-foda, composto por uma massa de idiotas e poucos gênios que souberam usar esses idiotas para construir o maior pais do mundo, indestrutível a nossas preces ou a militarismo sessentista russo. Vimos também nossos país, tios, vizinhos e amigos sofrerem com a nova hipercompetitividade comercial... lojas fechando, fábricas falindo, megaincorporações... sempre com uma empresa gringa mandando, privatizações e afins. Abrimos as pernas e esquecemos de um lubrificante. Aí começou a assar.
Mas o pior ainda estava por vim. Durante períodos conturbados é que a seleção natural melhor age, e foi assim com a gente. Entramos nas melhores faculdades do país para cada ramo da atividade (Direito, Farmácia, Administração, Engenharia), formamos (isso mesmo, puta com diploma superior) e conseguimos empregos inicialmente legais, mas com o tempo, fomos vendo que outros funcionários, mais velhos e burros, sem a esperiência que temos em informática, sem a fluência que temos em linguas estrangeiras, sem a agilidade de raciocício que criamos com muito Pitfull e nossos playstations, sem a cultura que temos pela facilidade de informação de nos inunda diariamente... esses velhos GANHAM MUITO MAIS DINHEIRO QUE A GENTE, fazendo muito mesmo.
Aí que o negócio pega. A supercompetição por emprego, gerado pelo boom das faculdades particulares, nos fodeu de vez. Lei de oferta e demanda... como existe maior procura por empregos, os empregadores podem colocar os salários lá em baixo que mesmo assim terão um exército de famintos por estágios e subempregos. Mas o mais foda é que os come-dorme velhos que são inferiores tecnicamente a nós, mas superiores no holerite, acabam sendo nossos chefes, e, vendo o perigo iminente que nós propociamos a eles, defendem seu território com cópias de xerox, digitação de textos, tabulação de pesquisas, essas coisas de office-boy, para que eles continuem no status quo que alcançou (se bem que não se alcança status quo, mas deixa pra lá) e nos façam sentir subestimados. Somos altamente capazes para fazer coisas que nos mandam, mas não temos a pica grossa pra mandar ou o espírito pra fazer acontecer o lance sozinho.
Choramingações a parte, a merda é que vivemos em um período de mudanças, precisamente no epicentro da mudança. Somos as cobaias sociais, a infantaria desta merda toda, que vai pra um lugar pq foi mandando e sempre é o primeiro a levar chumbo. E quem leva as honras são sempre os comandantes que mandaram os imbecis pra batalha.