Me peguei pensando esses dias quanta idéia boa a gente deixa escapar só por que não tem tempo ou maneira adequada de registrar. Fazia um tempo que eu não me via obrigado a matar tempo, e acabei devaneando longe com algumas coisas que, sinceramente, me fogem completamente. E aí me peguei pensando nisso, como perdemos boas idéias por pura falta de registro.
Foi nessas que comecei a pescar na memória uma grande quantidade de pequenas frases que acabamos cometendo em nossos pensamentos, das quais seguramente poderíamos desenvolver longas discussões, inclusive, relevantes. Isso nada mais é do que o aforismo. O aforismo é aquele bordão que geralmente surge num lampejo e sobre o qual, no meu caso muitas vezes, temos que acabar nos explicando por linhas e páginas a fio. E esse é o espírito da coisa. Os japoneses têm algo parecido com isso no Hai-Kai, e ao contrário da distorção ocidenal pro caso, essas pequenas frases são, ou devem ser, motivo de profunda reflexão uma vez que encerram conteúdos igualmente profundos. A diferença é que essas reflexões são de cada um, ao contrário da minha proposta aqui. É notório que muitos filósofos de calibre escreviam toneladas de aforismos e depois se colocavam a organizar e encadear essas idéias das quais obras-primas do intelecto humano vieram à tona.
Não tenho a pretensão de que meus aforismos juntados numa ordem plausível se tornem um registro histórico, mas ao menos que sejam um registro. Mesmo que eu não tenha tempo e nem talento para tanto, acredito que esforço de guardar, anotar, organizar e desenvolver os aforismos pode sim dar frutos. Mesmo que seja só um
post pra movimentar de novo a roda do blog. Mesmo que seja só pra daqui uns dias estar justificada a presença de uma frase meio solta, mas que pode dar pano pra manga.