Ignorância chegando no limite

Estamos bem servidos de canais de comunicação. Após a BBC de Londres convidar oficialmente Bob Marley para uma entrevista e a Newsweek inventar que soldados americanos jogavam o Alcorão na privada, causando revoltas no Irã e a morte de uma dúzia de mulambos de lá, agora um jornal colombiano afirma que Caetano Veloso é favorável ao ETA (grupo terrorista basco), só porque canta "eeeeeta, eta, eta, eta"). E isso só em 2005

O estribilho da famosa canção brasileira "A Luz de Tieta", de Caetano Veloso, levou um jornal colombiano, citando "fontes de inteligência", a denunciar um novo canal de televisão latino-americano por "incluir referências" ao grupo terrorista ETA.
O jornal "El Tiempo" afirmou que na promoção da nova emissora Telesur aparece uma jovem que canta "eta, eta, eta", mas segundo esclareceu o ministro venezuelano de Informação, Andrés Izarra "o que canta é o estribilho de 'A luz de Tieta', do compositor brasileiro Caetano Veloso".
Izarra classificou a informação do jornal como "tendenciosa e fantasiosa", em entrevista coletiva conjunta com o diretor-geral da "Telesur", Aran Aharoniam, para anunciar que a Telesur irá ao ar em 24 de julho, com uma duração de quatro horas."Eta, eta, eta, eta, é a lua, é ou sol, é a luz de Tieta, eta, eta", diz o estribilho de "A luz de Tieta".O tema original faz parte da trilha sonora do filme brasileiro "Orfeu" (1999), indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano.
A promoção da Telesur também inclui fotogramas do líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Manuel Marulanda "Tirofijo".
Segundo o jornal, "membros de órgãos de inteligência colombianos", que não identifica, "asseguraram ao El Tiempo que no canal estão incluídos elementos relacionados com o terrorismo nacional e internacional e que se mostra uma imagem negativa da Colômbia".Quanto à aparição da imagem de "Tirofijo", Izarra explicou que faz parte da promoção do espaço "Memórias do Fogo", que oferecerá documentários sobre as ditaduras e os conflitos que assolaram a América Latina.
Considerou que "especular" sobre a intenção que os produtores tiveram ao incluir essa imagem é como acusar de "terrorismo" os meios de comunicação colombianos que informam diariamente sobre atos nos quais a guerrilha intervém.
Aharoniam lamentou que já se esteja tentado criar uma imagem negativa do canal quando ele ainda nem foi ao ar.